O GLOBO
Para quem virou a década 50/60 voando pelas asas da Panair, o que está acontecendo agora com a Varig parece a repetição de um velho filme. A lendária companhia, que brilhou no céu dos anos dourados e foi extinta nos anos de chumbo pela ditadura militar, era uma paixão nacional. No estrangeiro, freqüentemente se procurava antes uma de suas agências do que o consulado ou a embaixada. Quando não havia internet nem fax, os correspondentes e enviados especiais brasileiros dependiam mais da Panair do que dos Correios para mandar suas matérias maiores. Os tempos são outros, mas uma crise lembra a outra. Tomara que o desfecho não seja o mesmo.
Sei que há muitas razões para o governo não socorrer a Varig. Não cabe ao Estado a responsabilidade pelo seu déficit operacional e nem pelas "gestões temerárias" (de acordo com minha longa experiência de assalariado, gestões temerárias são aquelas que levam as empresas à falência, os empregados à rua da amargura e os empresários ao paraíso). Acho que nem os funcionários reivindicam um "Proar", que seria o equivalente do Proer, aquela discutível iniciativa da administração FH para livrar alguns bancos da quebradeira.
Ao que tudo indica, a Varig não teria viabilidade econômico-financeira mesmo que zerasse sua dívida estimada em cerca de R$ 7 bilhões. Segundo afirmam os que conhecem o setor, a companhia está implacavelmente condenada pelas leis do mercado por ter cometido o único pecado que o capitalismo não perdoa: dar prejuízo.
Não tenho condições técnicas para saber se as medidas tomadas esta semana — o arresto de bens para os empregados e a intervenção no fundo de pensão Aerus — vão surtir algum efeito positivo. Pelo que li e ouvi, eram indispensáveis. Talvez seja romantismo em época de realismo pragmático, até porque a Varig de hoje já não é a mesma daquela de ontem, que respeitava os horários, oferecia comida boa e farta, e mantinha impecável a limpeza das aeronaves. Mas de qualquer maneira acho uma pena. Não consigo deixar de considerar o futuro dos 9 mil funcionários, que vestem a camisa da empresa com tanto ardor.
Há marcas comerciais que se identificam de tal maneira com o país que chegam a fundir e confundir seus interesses. Pode ser exagerado dizer que a Varig é a nossa Coca-Cola — talvez a Petrobras seja mais — mas não há dúvida de que ela é o que o próprio Lula classificou em 2003 de "marca estratégica". O seu desaparecimento seria — ou será — um duro golpe na já combalida auto-estima nacional.
Em matéria de estrelas, a época está mais para apagão. A do PT perdeu todo o brilho; a da Varig ameaça desaparecer. Só a do Botafogo, solitária, voltou a brilhar. Palavra de tricolor.
Entrevista:O Estado inteligente
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