Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 14, 2006

VALDO CRUZ Calmo, mas nem tanto

FOLHA


  BRASÍLIA - Até aqui, ninguém prevê turbulências na economia como as da campanha eleitoral de 2002, quando o dólar disparou, a inflação subiu, os juros foram elevados, forçando o primeiro ano do governo Lula ser de austeridade total.
Hoje, a inflação está cadente, o dólar desvalorizado, as contas externas ajustadas como nunca e até os juros estão numa curva descendente.
Mas surgem alguns sinais de que o mercado pode não viver essa calmaria toda durante o período eleitoral. Calmaria que era dada como certa até o mês passado.
Só que Antonio Palocci caiu, Anthony Garotinho subiu e Geraldo Alckmin ainda não deslanchou. O primeiro, ao sair pelos fundos por conta do "caseiro-gate", lançou uma nuvem de desconfiança quanto ao que pode ser um segundo mandato de Lula na economia.
O segundo, ao subir nas últimas pesquisas eleitorais, pode representar um "risco" para os tucanos. Numa hipótese ainda pouco provável, mas não descartável, Garotinho pode se viabilizar candidato e até atropelar Geraldo Alckmin.
Claro que a situação de Garotinho no PMDB é muito desfavorável à sua candidatura. Mas, se ele continuar subindo, e Alckmin ficar parado, como fica o PMDB? De repente, surge até um Itamar Franco.
Estão aí ingredientes para fazer a alegria dos especuladores. Garotinho, com as idéias nacionalistas de Carlos Lessa, assustaria um bocado investidores e afins. Itamar, nem se fala. E Lula, hoje domesticado pelo mercado, pode deixar de ser confiável num segundo governo.
Dúvida, por sinal, captada por diretores do Banco Central em conversas com investidores estrangeiros. Eles não se incomodaram com a troca de Palocci por Guido Mantega neste ano. Mas se mostram preocupados com a economia em 2007 na hipótese de Lula ganhar.
Ou seja, tempestades como as de 2002 não teremos. Mas é melhor ficar preparado para alguns solavancos durante a viagem eleitoral.

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