Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 14, 2006

NELSON MOTTA Lula Futebol Clube


FOLHA
 
RIO DE JANEIRO - Se fosse técnico de futebol, Lula gostaria de ser um Felipão, mas está parecendo mais com o Parreira de 1994. A torcida queria o time atacando, mas ele jogava na defensiva, tocando bola no meio de campo, talvez porque tivesse um time medíocre e poucos craques, como se Romário e Bebeto fossem Palocci e Meirelles. Só que o time de Parreira jogou feio e sem graça, mas terminou campeão, e Lula está ganhando apertado, sob pressão e pode ser goleado.
Insistindo em avançar pela esquerda, o seu time acabou levando várias bolas nas costas e sofreu dribles desmoralizantes. Pelo meio de campo, caindo pela direita, fez as suas melhores jogadas e seus gols, num eficiente "futebol de resultados". Mas tomou muitos gols por tentar ocupar todos os espaços com companheiros pernas-de-pau, deixando os flancos abertos aos ataques adversários.
Certamente o técnico segue a máxima de Neném Prancha, "jogador tem que ir na bola como quem vai a um prato de comida", mas os companheiros não precisavam exagerar na voracidade. Um dos problemas do time é que, muitas vezes, alguém pede bola, não recebe e bota a boca no trombone. Isso acabou custando ao técnico a perda do impetuoso armador e distribuidor Delúbio e do volante de contenção Silvinho "Land Rover", que marcava as saídas de bola no campo inteiro.
Seu capitão e seu maior craque levaram cartão vermelho, vários titulares foram expulsos e ele hesita em fazer substituições, seu banco é uma caixa de surpresas. Lula sonhou em comandar um time que jogasse de pé em pé, mas acabou tendo que convocar perebas de divisões inferiores que só jogam de mão em mão.
Mas a grande originalidade do Lula F.C. é que, pela fraqueza dos adversários, quase todos os gols que tomou foram feitos pelos seus próprios defensores, numa inédita goleada de gols contra.

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