Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, abril 12, 2006

Pecadores vingativos


Pecadores vingativos

EDITORIAL
Jornal do Brasil
12/4/2006

O brasileiro Francenildo Costa descobriu tardiamente que certas audácias não são permitidas na terra do ""sabe com quem está falando?"" É proibido, por exemplo, confirmar que algum ministro de Estado pecou. Caseiro da ""República de Ribeirão Preto"", mansão brasiliense alugada por lobistas amigos do ""chefe"" Antonio Palocci, Francenildo incorreu em pecado mortal ao sustentar numa CPI que o condutor da economia, com o codinome ""Chefe"", freqüentava o endereço marcado pela suspeita.

A vingança dos desafiados foi imediata. O ansioso ministro da Fazenda costurou a contra-ofensiva destinada a garantir-lhe o emprego. O primeiro movimento resultou na quebra criminosa do sigilo bancário do caseiro. Em sua conta na Caixa Econômica Federal havia R$ 25 mil.

A alegria de Palocci durou pouco. O dinheiro, remetido do Piauí, não fora doado por algum parlamentar golpista. Viera do pai biológico de Francenildo, um empresário de ônibus de Teresina decidido a silenciar o fruto da aventura extraconjugal. Os vingadores não desistiram do castigo. A testemunha inocente foi intimada a depor na Polícia Federal, por suspeita de ""lavagem de dinheiro"". Palocci e outros culpados estão em liberdade.

Nesta segunda-feira, as manobras superaram outras fronteiras do absurdo. Uma juíza federal de Brasília determinou a quebra do sigilo da conta estuprada em meados de março. No mesmo dia, a Polícia Federal desistiu de investigar a participação na trama do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Em países sérios, os autores dessa piada de péssimo gosto estariam na cadeia.

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