Primeiro, exigiram que o Banco Central interviesse no câmbio e comprasse moeda estrangeira. Em pouco mais de um ano, o Banco Central comprou US$ 32,8 bilhões. Não foi o suficiente para recuperar o câmbio. Depois, disseram que o Banco Central teria de intervir no mercado futuro (mercado de derivativos) para estancar a especulação a favor da valorização do real. O Banco Central pôs em marcha uma vasta operação de troca de dívidas em dólares por dívida em reais, leiloou nada menos que US$ 25,3 bilhões em contratos, zerou a dívida pública em dólares. O câmbio não sentiu nem cócegas. Há quem exija ainda mais intervenção e mais compra de dólares, como já chegou a pregar o ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, e o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof. Mas a maioria das pessoas já entendeu que banco central não consegue inverter tendência firme do câmbio, especialmente quando escorada nos fundamentos da economia. Agora, os críticos começam a tomar outra direção. Verificam que a intervenção no câmbio tem alto custo fiscal, não só porque compras de dólares exigem emissão de títulos públicos que financie essas compras, mas também porque a troca de títulos em dólares por títulos em reais obriga o Banco Central a assumir os juros bem mais altos em reais. É nesse ponto que os pasmados se juntam aos perplexos e definem que o único jeito de recuperar o dólar é derrubar decisivamente os juros, sem olhar para firulas monetaristas. Essa proposta pressupõe o diagnóstico de que os juros estão onde estão não porque o Banco Central procurou controlar a inflação, mas, principalmente, porque pretendeu atrair capitais e/ou evitar fuga de dólares. Não passa pela cabeça dessas pessoas que o principal responsável pela atual sobrevalorização do real, se é que se pode dizer assim, não são os juros altos, mas o choque positivo das exportações de commodities que ajudaram a produzir em 2005 um superávit comercial de US$ 45 bilhões e que tendem a um repeteco em 2006. Mas deixemos de lado divergências de diagnóstico e examinemos as implicações disso. Se o Banco Central terá necessariamente de derrubar os juros para evitar a excessiva valorização do real, então que fique esclarecido que a meta de inflação seja mandada às favas. Ou seja, exija-se que o Banco Central esqueça que tem uma missão institucional a cumprir e que se ponha a alinhar o câmbio sabe-se lá com o quê. Essa posição não é de todo indefensável. Uma decisão de política econômica pode perfeitamente definir que isso passe a ser assim. Nesse caso, é preciso assumir as conseqüências de que a economia deixará de ter uma âncora monetária e que a inflação será o que daí resultar. Ou então, será preciso encontrar outra âncora para colocar no lugar do regime de metas. Isso não encerra o assunto porque, se o real voltar a se desvalorizar, as exportações ficarão ainda mais estimuladas do que já estão e, mais à frente, a situação atual acabará se impondo. Essas propostas lembram os debates dos astrônomos nos séculos 15 e 16, que não conseguiam enfiar a trajetória dos planetas na teoria geocêntrica do cosmos e se puseram a construir estruturas complexas formadas por epiciclos e paralaxes, que não explicaram nada, até que veio Copérnico e disse que o centro das órbitas dos planetas não era a Terra, mas o Sol. Que tal admitir que a valorização do real acontece principalmente porque a China e o resto da Ásia se puseram a importar commodities e que este não é um fenômeno esporádico, mas um choque que tende a perenizar-se? Enfim, se é preciso dar um outro jeito no câmbio, que se comece por levar em consideração que há novidades e que estamos diante de novo ciclo da produção e da divisão internacional do trabalho.
| |
| |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sábado, janeiro 14, 2006
O custo da intervenção CELSO MING
ESTADÃO
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
janeiro
(530)
- Ladrão não mais', diz Fernando Henrique Cardoso
- Editorial de O GLOBO
- Editorial de O GLOBO
- Miriam Leitão Supersuperávit
- Luiz Garcia Sabe-se que ninguém sabe
- MERVAL PEREIRA (B)RICS
- LUÍS NASSIF O operador e as TVs abertas
- JANIO DE FREITAS O caixa três
- ELIANE CANTANHÊDE Fase de engorda
- CLÓVIS ROSSI Primitivo e bárbaro
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Lucia Hippolito na CBN:Campanha original
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Fazendeiro JK Xico Graziano
- DORA KRAMER: CPI cita, mas não indicia
- AUGUSTO NUNES Conta tudo, Duda
- Editorial da Folha de S Paulo
- Sobre o liberalismo - MARCO MACIEL
- Editorial da Folha de S Paulo
- O alckmista- VINICIUS TORRES FREIRE
- Agendas e objetivos diferentes - LUIZ CARLOS BRES...
- Editorial da Folha de S Paulo
- Fernando Rodrigues - Os marqueteiros
- Clóvis Rossi - O declínio do império, segundo Soros
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Mais jornalismo e menos marketing
- FHC, um apagador de incêndio?
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG:Estado assistencial
- Lucia Hippolito na CBN:Banco do Brasil do novo século
- Lula, as oposições e o Jornal Nacional
- Merval Pereira Entre o populismo e o realismo
- FERREIRA GULLAR Arapongas
- ELIANE CANTANHÊDE Hoje, é assim
- As memórias casuais de FHC, para americano ler
- AUGUSTO NUNES Deputados celebram o Dia da Infâmia
- Miriam Leitão Aliança livre
- LUÍS NASSIF A indústria estéril da arbitragem
- JANIO DE FREITAS O vertical não cai de pé
- CLÓVIS ROSSI Hipocrisia
- Editorial da Folha de S Paulo
- MAILSON DA NÓBREGA: Banco del Sur
- DANIEL PIZA: O estadista
- Entrevista:Armínio Fraga: 'Crescer como China e Ín...
- ALBERTO TAMER: Carta aberta ao ministro Furlan
- Editorial de O Estado de S Paulo
- DORA KRAMER: O dilema dos cardeais
- ROBERTO TEIXEIRA, NAS PALAVRAS DE LULA
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- VEJA A dupla conquista
- CAI O DESEMPREGO....OU A ESPERANÇA DE EMPREGO ?
- Petróleo: Brasil é auto-suficiente
- VEJAENTREVISTA Norman Gall
- MILLÔR
- Claudio de Moura Castro No país dos decibéis
- Tales Alvarenga Romaria de esquerda
- VEJA Diogo Mainardi Em guerra com o lulismo
- Jogo sem regras
- Roberto Pompeu de Toledo
- VEJA Com dinheiro do povo
- VEJA CPI Depoimento de Palocci foi pífio
- VEJA Garotinho mentiu sobre pesquisa que encomendou
- VEJA O novo marqueteiro de Lula também é investigado
- FERNANDO GABEIRA Lamentos de um morador de Ipanema
- Concorrência global, enfoque local GESNER OLIVEIRA
- Poupado em CPI, Palocci atende a pedido de ACM
- FERNANDO RODRIGUES Céu e inferno para Lula
- CLÓVIS ROSSI A tardia angústia da elite
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- ENTREVISTA:'Não há paz com o Hamas, não há paz sem...
- Variações sobre o livro e a internet
- DORA KRAMER DORA KRAMER: Serra cala, mas não cons...
- Editorial da Folha de S Paulo
- Miriam Leitão Enquanto isso
- Linchados na CPI SÉRGIO ROSA
- Eu, Bono e você REINALDO AZEVEDO
- Editorial de O GLOBO
- ZUENIR VENTURA Estação purgatório
- MERVAL PEREIRA O mundo plano
- A importância do livre comércio
- COISA BOA Claudio Haddad
- Luiz Garcia Horizontalizaram
- CLÓVIS ROSSI O Estado morreu, viva o Estado
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- DORA KRAMER: Fidalguia só não faz verão
- Miriam Leitão Palocci na CPI
- Luiz Garcia Horizontalizaram
- Que pensar da China? Washington Novaes
- O câncer da corrupção João Mellão Neto
- Lucia Hippolito na CBN:Conselho de Ética faz sua p...
- Merval Pereira Crescer ou crescer
- REELEIÇÃO por Denis Rosenfield
- ENTREVISTA:Ozires Silva "O governo quebra todo mundo"
-
▼
janeiro
(530)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA