Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, novembro 21, 2005

VINICIUS TORRES FREIRE Uma discussão burríssima

FSP
SÃO PAULO -
É uma discussão muito burra essa de Palocci e Dilma.
Não há debate sério sobre gastos públicos e juros sem considerar ao menos o médio prazo (cinco anos). Sem conectar a discussão da dívida pública com o nível desejado da inflação, o que depende ainda de travas estruturais da economia.
O governo do PT fixou apenas um objetivo, atingir uma inflação baixa demais, em prazo curto demais, para uma economia inflexível demais e por demais sujeita a choques, meta administrada por um Banco Central inepto, que ignora a vida das empresas, sua capacidade de investir e reagir à demanda maior. Essa meta insana determinou o tamanho do gasto público. Não dá para mexer nisso no curto prazo sem criar confusão.
Um programa de médio prazo teria meta de inflação cadente, mas realista e flexível. Haveria algum alívio para o gasto público. Mas pouco. E isso é só parte do problema.
É preciso limpar o entulho burocrático e o inferno fiscal que entrava empresas e mercado. Reduzir custos trabalhistas (sem a safadeza de cortar direitos que na verdade são salário, como férias e 13º. Mas a multa da demissão é irracional).
É preciso abrir a economia. A presente política comercial é besteira protecionista. Quais setores é preciso abrir para tornar a economia mais eficiente e exportadora? Como preparar as empresas para a competição?
É preciso que o Estado invista em tecnologia. As empresas do país são pequenas e tímidas, não gastam em pesquisa. Esse é o grande investimento em infra-estrutura hoje, que no caso do Brasil tem de ter Estado.
É preciso privatizar estradas e bancos, afora BNDES e um federal. Acabar com as ineficientes vinculações do Orçamento e com subsídios para classe média e zonas francas.
É preciso desfazer o nó legal e financeiro que bloqueia investimentos em saneamento e casa popular. Dar título de propriedade para favelado.
A economia é um monstro travado, anti-social e anticapitalista, que encarece a empresa privada e as políticas públicas. Para destravá-la, é preciso governo. Quando virá um?

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