Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, novembro 21, 2005

FERNANDO RODRIGUES Ronivon é o Brasil

FSP
BRASÍLIA - É difícil encontrar alguém mais simpático no Congresso do que o deputado Ronivon Santiago (PP-AC). Cruzei com ele na quinta-feira num corredor da Câmara. Recebi um abraço não-solicitado. "Você viu? Consegui. Na CPI também segurei tudo", disse-me ele. Conseguiu o quê? Roni respondeu: uma vitória na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A CCJ acabara de se recusar a dar uma decisão sobre seu caso. Ele havia sido condenado pela Justiça Eleitoral do Acre. Comprou votos para se eleger em 2002, segundo provas coletadas e disponíveis no TRE acreano. O caso subiu para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ordem para a Câmara destituir Ronivon. E nada. Passaram-se mais de três anos desde a eleição de 2002. Três presidentes da Câmara depois (João Paulo, Severino e Aldo Rebelo), ninguém toma uma providência. E Ronivon vai ficando. E na CPI? Roni segurou o quê? Simples. Negou toda a história da compra de votos a favor da emenda da reeleição, em 1997. À época, Roni disse em várias conversas, gravadas legalmente, ter recebido R$ 200 mil em dinheiro para votar a favor da emenda. O caso nunca foi investigado. Agora, com a onda de CPIs, poderia haver algum problema. Roni deu sorte. O relator da CPI do Mensalão, o deputado Ibrahim Abi-Ackel, mostrou-se completamente inepto para a função. Nada foi apurado. Assim caminha a política brasileira. Ronivon vendeu voto em 1997. Comprou voto em 2002. Sua defesa neste ano foi paga, assumidamente, com R$ 700 mil oferecidos por Marcos Valério -conforme a direção nacional do PP. Nem sinal de incluírem Roni na lista de cassáveis. Ronivon é simpático. Sabe guardar segredos. Ronivon é o Brasil. A Câmara deve votar nesta semana o fim da verticalização. Vale a máxima. Toda vez que os deputados se mexem, o Brasil piora. Triste.

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