O GLOBO
Sou fã de Nicolas Sarkozy, o ministro do Interior da França. Filho de imigrantes, de origem judaica, o homem acha que gente que sai botando fogo em carro e prédio público tem de ser tratada no porrete. É isso aí. Ele só é um pouco mais bonzinho do que eu gostaria. É mentira que tenha chamado os magrebinos rebelados de "escória". Foi uma pena. Estou à procura de pessoas más às quais emprestar a minha solidariedade reacionária. Deixado o mundo aos cuidados dos progressistas bonzinhos, acabaremos na caverna, puxando as moças pelos cabelos. A menos que o véu impeça.
Uma muçulmana (!) perguntou ao ministro se ele iria ou não dar "um jeito na escória". Ela queria lei, ordem e polícia. O ministro respondeu: "Vou dar um jeito na escória." Um repórter ouviu e fez a sua parte na guerra contra a civilização burguesa, ocidental, branca e cristã, que inventou o antibiótico, a luz elétrica, a comunicação à distância, o vaso sanitário e o voto universal, esses horrores. Foi assim. As TVs têm a fita. Ninguém dá bola. As esquerdas monopolizam a imprensa escrita em qualquer lugar do mundo. Menos nas ditaduras islâmicas.
Mereceu um desprezo solene, inclusive no Brasil, o fato de que os incendiários têm cama, comida e roupa lavada. Mais casa, escola e hospital. Tudo de graça. A França é o país que mais gasta com assistencialismo. O antiamericanismo chinfrim sempre exaltou o modelo. Com a guerra no Iraque, as simpatias pela pátria do iluminismo antibelicista (risos) cresceram. Ocorre que a esquerda gosta ainda mais de magrebinos incendiários do que de franceses antiamericanos. Os delinqüentes se tornaram heróis.
O jornalismo faz questão de ignorar os sinais da intifada em solo europeu. Culpados? Os que defendem esse modelo de "integração" social dos imigrantes, reconhecendo-lhes as "exceções" culturais. Pausa: ouvi, há pouco, um militante negro, que também é uma "otoridade", afirmar na TV que o apartheid sul-africano teve seu lado positivo porque não mascarou a discriminação. Ruim, segundo ele, é o racismo à moda brasileira: cordial. Em seguida, ele defendeu cotas nas universidades. É coerente com quem vê virtudes no apartheid...
Volto à França. Com o incentivo da esquerda, a República tem suas leis ignoradas por "associações culturais", notadamente de muçulmanos do Norte da África. A poligamia, a amputação do clitóris, os casamentos impostos, dentre outros horrores, eram e são tolerados. Diversidade! O reacionário sou eu! A imprensa está proibida há décadas de noticiar a origem étnica ou a religião de um delinqüente. Ninguém diz isso por aqui. Censura politicamente correta lá e cá.
Os imigrantes passaram a ter os direitos do cidadão francês — ou mais — e nenhum de seus deveres. Escolas para abrigar seus filhos, já franceses, ensinam-lhe o ódio contra os... franceses! A esquerda reivindica que se lhes dêem mais direitos, como o da intifada, com ainda menos deveres, como o de responder por seus atos. Há uma grita contra a deportação de piromaníacos. O Estado de Direito francês vai torrar mais dinheiro nos bantustões que querem solapar o Estado de Direito francês. Coisa de gênio.
Por que a revolta começa na França? Porque é o país que foi mais longe no assistencialismo. Um imigrante nos EUA ou ganha a vida ou morre de fome. A equação é simples. A "revolta" tem algumas respostas: de imediato, polícia e punição; no médio prazo, corte radical no leite de pata estatal que alimenta o radicalismo islâmico, agora de cidadãos europeus. A esquerda plantou como suposta verdade um desemprego de 40% entre imigrantes e descendentes. São números mais vesgos do que Sartre, o babão, achincalhando Albert Camus por causa da guerra na Argélia: as mulheres não contam porque não podem trabalhar, e os homens não trabalham porque não precisam. Chirac lhes dá dinheiro para comprar combustível. Em troca, eles dão ao usurpador do gaullismo a chance de dizer palavras de pastosa piedade, repetindo piedades de Mitterrand, que repetiu piedosos que vieram antes.
Com um pouco mais de maldade, talvez Sarkozy chegue lá. Para tirar a obra de Voltaire da fogueira e jogar a de Frantz Fanon.
Entrevista:O Estado inteligente
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