Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, novembro 03, 2005
MERVAL PEREIRA Na corda bamba
o globo
Em meio à crise política que parece não ter fim, o presidente Lula recebeu ontem um reconhecimento público do presidente americano George W. Bush de sua importância como líder internacional, em entrevista concedida antes de viajar para Mar del Plata, na Argentina, onde será realizada a Cúpula das Américas. E o churrasco que Bush comerá na Granja do Torto no domingo tem o duplo significado de avalizar a carne brasileira e de prestar homenagem a um país que considera "muito, muito importante no mundo".
O presidente americano, ele mesmo enrolado em uma crise política que se agrava a cada momento e que pode, pelos padrões americanos, vir a se tornar muito mais grave do que a de Lula, fez diversos elogios a Lula, deixando claro que conta com seu apoio para consolidar a democracia na América do Sul.
Por "consolidar a democracia" entenda-se controlar o presidente venezuelano Hugo Chávez e não permitir que nem Cuba nem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (as Farc) ganhem força política na região. Tarefas que ele admite serem talhadas para a liderança de Lula, que se dá bem com pessoas que causam "inquietude" em Bush e, na sua opinião, "desgastam as instituições da democracia".
Como se vê, o prestígio internacional do presidente Lula segue intocado, apesar da crise política. Isso ficou demonstrado na recente pesquisa do Latinobarômetro, publicado pela revista inglesa "The Economist". O presidente Lula foi considerado pelos latino-americanos como o presidente mais popular. Numa escala de um a dez, mereceu nota 5,8, contra Chávez, que ficou em segundo lugar com nota 5. Os presidentes mais impopulares do continente são o americano George W. Bush e o cubano Fidel Castro.
Em contraste, quando analisado pelos cidadãos de seu próprio país, o presidente Lula ficou em nono lugar entre os presidentes mais populares da região. O uruguaio Tabaré Vázquez, eleito há um ano, é o mais popular, seguido do socialista Ricardo Lagos, do Chile, que ao fim de seis anos de mandato, tem 67% de apoio em seu país. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ficou em terceiro lugar, com 61% de apoio.
E é no papel de principal líder regional que Lula recebe neste domingo o presidente Bush. Mas apesar dessa confiança toda alardeada por Bush, até agora os americanos não deram a contrapartida que o Brasil imaginava receber. Foi assumindo esse papel de guardião da democracia que o Brasil aceitou comandar a força de paz no Haiti e aspira a assumir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, uma aspiração da diplomacia brasileira desde os tempos de Oswaldo Aranha.
Se ter como meta principal da política externa brasileira, ou pelo menos a mais visível, o assento permanente no Conselho de Segurança parece apenas o resgate de uma reivindicação histórica mais movida a bravata, depois da invasão do Iraque pelos Estados Unidos tornou-se imperativo repensar o sistema de segurança internacional e o papel da ONU. Na análise do Itamaraty, seria "impensável" que o Brasil não se colocasse como pretendente a representar a região, diante da iminente mudança na estrutura da ONU e da necessidade política de ampliar a representatividade do Conselho de Segurança.
Em recente palestra no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio, o subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antonio Patriota, fez uma análise da situação, afirmando que o Brasil está bem preparado para integrar o conselho, ressaltando que, junto com o Japão, é o país que mais participou do conselho, totalizando um período de 18 anos.
Patriota analisou o que classificou de dilema unipolaridade versus multipolaridade no cenário internacional, chamando a atenção para o orçamento militar anual dos Estados Unidos, da ordem de US$ 400 bilhões, comparado aos US$ 40 bilhões anuais do Reino Unido e França, US$ 35 bilhões da China e US$ 7 bilhões do Brasil.
A reforma do Conselho de Segurança levou os países a se organizarem em conjunto, e o Brasil organizou o G-4, composto por Alemanha, Índia e Japão, que ainda sofre com o apoio temeroso dos africanos, e é objeto de contestação de outros países: a China veta a entrada do Japão, o Paquistão não aceita a Índia, países europeus contestam a representatividade da Alemanha e, na própria região onde o Brasil é líder natural, Argentina e México não nos aceitam como representante automático. Para culminar, os Estados Unidos se mobilizaram para impedir que mudanças substanciais no Conselho de Segurança ocorram.
O mesmo impasse acontece na rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio, que o próprio presidente Bush já admite que tem prioridade sobre as negociações da Alca, aparentemente impossíveis de serem retomadas com sucesso. Assim como na ONU, o Brasil atua em grupo com países em desenvolvimento. O G-20, o mais bem-sucedido movimento diplomático brasileiro nas negociações internacionais, trabalha entre a União Européia e os Estados Unidos para encontrar uma proposta de redução de subsídios agrícolas e tarifas que seja aprovada na reunião da OMC de dezembro, em Hong Kong.
Esses são os assuntos que serão discutidos na Cúpula das Américas, que provavelmente produzirá um documento final sem grandes novidades. O presidente Lula estará na cúpula oficial, enquanto seu "companheiro" Chávez participará também da Cúpula dos Povos, uma reunião paralela organizada por movimentos sociais latino-americanos, entre eles os brasileiros MST e CUT, e o argentino Maradona, novo aliado de Fidel contra Bush. Também em Brasília os chamados "movimentos sociais" preparam manifestações contra a presença de Bush no churrasco da Granja do Torto. Entre uns e outro, Lula tenta se equilibrar.
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