Discussão de acordos comerciais não é desafio banal. Pode determinar a conquista ou a perda do futuro de economias nacionais. No século 18, Portugal sacrificou seu futuro por conta de um acordo comercial malfeito, que permitiu à Inglaterra se transformar na maior potência de sua época. A Inglaterra propôs a Portugal reduzir tarifas de importação de produtos ingleses (que tinham sido consideravelmente aumentadas), equiparando-as novamente às dos demais países. Em troca, abriu o mercado inglês aos vinhos portugueses, por alíquotas inferiores às dos concorrentes franceses.
Na prática, as manufaturas inglesas invadiram Portugal, arrasando a indústria manufatureira local. Com o ouro recebido em pagamento, a Inglaterra comprou tecidos da Índia, mas não para consumo interno -porque prejudicaria sua própria indústria, menos competitiva que a indiana. Utilizou-os para trocar por matérias-primas de outros países europeus. A matéria-prima, industrializada, permitiu o sucesso do modelo inglês.
Foi necessário historiadores para estabelecerem relações de causalidade entre o apogeu do Império Britânico e o acordo comercial com Portugal. Os cabeças de planilha da época apregoavam que o governo inglês tinha atropelado a nova ciência econômica, ao substituir uma operação simples (adquirir vinhos de Portugal) por uma triangulação complexa.
O grande problema do Brasil é que o mundo atual é imensamente mais complexo. E há pouquíssimos especialistas do setor privado ajudando a pensar as estratégias.
Um deles é Pedro de Camargo Neto, responsável pelos primeiros painéis abertos no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio) contra subsídios agrícolas de países desenvolvidos.
Em sua opinião, há duas lutas em curso contra o protecionismo: acesso a mercados e combate aos subsídios agrícolas. Para ele, o Ministério das Relações Exteriores deveria rever a estratégia de priorizar o confronto com a União Européia no campo do acesso a mercado. Deveria deixar essa discussão para o âmbito do acordo bilateral do Mercosul.
A UE é a principal cliente de agricultura brasileira. As disputas levam a um desgaste nas relações comerciais, em um quadro de vulnerabilidade sanitária do Brasil. Além disso, deverão produzir poucos resultados na rodada de Hong Kong. Pior, jogam para segundo plano as distorções provocadas por subsídios agrícolas. Eliminando os subsídios, o acesso aos mercados seria decorrência, uma vez que os mercados agrícolas em crescimento são justamente os dos países em desenvolvimento.
Entrando por esse caminho, caso não ocorram avanços significativos em Hong Kong, haveria a vantagem de incentivar a criação de contenciosos (denúncias na OMC contra subsídios). Justamente pelo fato de a questão dos subsídios ter ficado em segundo plano, até hoje os EUA não reduziram os subsídios de apoio interno, nem mesmo para o algodão -setor em que já foram condenados na OMC.
Para Camargo, o confronto em subsídios reforçaria o G-20 (o grupo dos 20 países emergentes liderado pelo Brasil). O confronto no acesso a mercados fragiliza.
Entrevista:O Estado inteligente
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