FSP
Com exceção da inflação, o país vive hoje um momento semelhante ao do final do governo Sarney, talvez um pouco mais complexo. Na época, estava clara a mudança de paradigma na economia mundial, com a liberalização inaugurada na era Thatcher e os novos fluxos financeiros buscando mercado.
Mas o país, na ausência de um governante capaz de romper com as amarras do passado, estava preso à inércia, arrastando bolas de ferro pelo pé. Cada sopro de mudança era recebido a bala por quem supunha seus privilégios ameaçados ou pelo mero medo do desconhecido.
O Brasil sempre teve enorme dificuldade para perceber os novos tempos e se antecipar às crises. Romper com a inércia não é tarefa fácil nem em sociedades desenvolvidas. Franklin Delano Roosevelt assumiu a Presidência dos EUA depois de sete anos de especulação desenfreada e três de depressão profunda. O conjunto de medidas que tomou mudou a face do capitalismo e a história do mundo e projetou os EUA como a maior potência da história. Mas teve de enfrentar interesses estabelecidos no seu próprio país -inclusive o enorme poder de influência da grande mídia.
Não pense que Luiz Inácio Lula da Silva esteja enfrentando essa campanha cerrada da mídia por ter afrontado interesses estabelecidos. Longe disso. Ele queda imobilizado pelo paradoxo da mudança com segurança.
É uma armadilha que só se rompe por quem tenha estatura de estadista. De um lado, o país se enreda no desânimo com o imobilismo, com a dificuldade de derrubar muros que impedem a economia de deslanchar. De outro, é paralisado pela incerteza da mudança. E não há como mudar com segurança. Nem há muita clareza sobre o que se irá encontrar na outra margem do rio.
O pêndulo da liberalização está voltando de forma acelerada, a partir da expansão da miséria nos países centrais e periféricos, dos conflitos sociais e étnicos, dos desequilíbrios comerciais impostos pela entrada de um novo gigante na economia mundial. E o Brasil atravessou a fase mais esplendorosa do modelo que começa a fazer água, sem se desvencilhar da armadilha imposta pelo erro cambial de 1994.
É por isso que, à falta de um presidente estadista, esses impasses são quase sempre resolvidos por gestos tresloucados, antigamente por revoluções ou golpes; nas democracias, pela assunção de novos quadros, todos movidos pela ação imperativa do Sr. Crise.
Tome-se o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. É evidente a falta de envergadura da equipe econômica para enfrentar desafios até óbvios e inevitáveis, como acelerar a queda dos juros. O que teria sido pior: sua não-ação ou sua pró-ação?
O risco é essa não-ação virar paradigma para a escolha do próximo presidente. Dele, serão exigidos capacidade de diagnóstico sobre o quadro atual, coragem para tomar medidas impopulares, disposição para juntar os contrários em torno de uma proposta nacional, coragem para adotar medidas contra privilégios -dos poderosos, também, e não apenas contra os benefícios da Previdência.
Entrevista:O Estado inteligente
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