Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, novembro 16, 2005

FERNANDO RODRIGUES Hoje é dia de Palocci

FSP
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tem hoje uma missão arriscada. Vai depor aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos. A idéia é que fale no plenário da Casa. Precisa se sair bem para manter o emprego.
Palocci e seus "spin doctors" (os mais competentes da Esplanada) andaram espalhando que o ministro está cansado, desgastado. Que não faria questão de ficar onde está. Que poderia sair. Tudo bobagem.
O ministro da Fazenda luta desesperadamente para ficar no cargo. Sua tropa andou ligando para todos os lados. Pede clemência e promete o céu para muita gente -sobretudo para senadores de oposição.
Se Palocci sair agora, arruina-se politicamente. Mesmo que seja inocente no oceano de acusações ribeirão-pretanas, terá caído por causa das traficâncias de seus amigos no interior de São Paulo. Ficaria desempregado e com chances remotas de voltar para o cenário nacional.
O ministro da Fazenda é o único sobrevivente do hoje falecido núcleo duro do governo Lula. Já foram deixados no acostamento da crise José Dirceu e Luiz Gushiken.
Quem viajou ou fez compras no feriadão viu como andam os aeroportos, as estradas e os shopping centers. Há uma visível euforia consumista no ar. A economia cresce.
Cresce pouco, dirão os anti-Lulas. Têm razão. Só que os quase 5% de avanço do PIB em 2004, os cerca de 3% neste ano e os possíveis 4% em 2006 (com a redução nos juros) são respeitáveis para levantar qualquer defunto político.
O operador do milagre até agora atende pelo nome de Antonio Palocci. Ele não quer largar esse osso. Fará de tudo para se dar bem hoje à tarde, com suas respostas educadas, pausadas e de pouco conteúdo.
O grau de contestação ao ministro no plenário do Senado será um espetáculo didático à parte. Ficará visível na oposição quem está ali para de fato se contrapor a Lula e quem só faz antagonismo de mentirinha.

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