Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 17, 2005

FHC: governo conduz país a uma armadilha econômica que produz crescimento medíocre -blog Josias 17/11




Numa fase em que amarga a sua pior fase à frente do Ministério da Fazenda, Antonio Palocci ganhou ontem um crítico inesperado: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista à revista oficial do PSDB --"Agenda 45"--, FHC disse que a política conduzida por Palocci conduz o país a uma "armadilha econômica".

As declarações de FHC, divulgadas 24 horas depois de Palocci ter feito elogios ao ex-presidente, irritaram profundamente o presidente Lula e líderes governistas no Congresso. Sugerindo que a equipe de Lula é incompetente, o ex-presidente disse: "É preciso juntar outra vez competência técnica e habilidade política, como foi feito com o Plano Real".

Normalmente comedido, FHC dessa vez não usou meias palavras. Disse que, se o PSDB for lançar uma candidatura à presidência em 2006, terá de "dizer francamente como escapar dessa armadilha econômica representada pela relação entre taxa de câmbio, dívida interna elevada, taxas de juros altas e controle da inflação, que nos condena a taxas de crescimento medíocres e desemprego estabilizado em nível elevado".

Disse mais: "Com a mesma franqueza, devemos alertar a sociedade para a crise fiscal
que está sendo semeada pelo atual governo quando, por baixo dos superávits primários para impressionar o mercado financeiro, deixa o déficit da Previdência explodir e infla os gastos com pessoal".

Para FHC, a atual taxa de crescimento brasileira –menor do que a de outras nações emergentes- é inibida pelo que chamou de "custo PT". Um "custo da ultra-ortodoxia na política econômica, custo da incapacidade de estabelecer regras do jogo claras para o investidor privado e custo da incompetência e, não raro, improbidade na gestão da coisa pública". O ex-presidente, sob cuja gestão o governo chegou a praticar juros de 45%, chamou de "cavalares" as taxas de juros ditadas pelo governo Lula.

Na parte da entrevista dedicada à política, FHC diz que, pilhado em comportamento impróprio, o petismo ficou sem discurso: "A única defesa que restou ao governo e seu partido é tentar convencer a opinião pública de que são todos iguais, governo, aliados e oposição".

FHC disse ainda que Lula "faz muito barulho por nada". Evocando o lema de campanha de Lula, disse: "O povo brasileiro não tem medo de ser feliz. Ele não quer é ser ludibriado."

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