Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 20, 2005

FHC diz que política econômica atual não é única possível e que PSDB só avança se ficar à esquerda do governo Lula



  - Em entrevista a Luiz Carlos Azedo e Denise Rotthemburg, do Correio Braziliense, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso argumenta que os fundamentos da atual política econômica foram estabelecidos em seu governo, mas isso não quer dizer que esta seja a única possibilidade e que não existam erros de operação. FHC também mantém o fogo cerrado dos últimos dias contra o PT. Eis alguns trechos: "Correio: O senhor disse na convenção do PSDB que não quer uma campanha de acusações e vai derrotar o presidente Lula nas urnas. Isso é um recado para o seu partido de que chega dessa história de impeachment? Impeachment é uma coisa muito séria. Se há um motivo efetivo, faça-o. Se não há um motivo efetivo, por que falar? FHC: Nós estamos nos aproximando das eleições e é melhor nos prepararmos para ela. Impeachment é um processo político, não é um processo jurídico. Tem de ter uma movimentação da sociedade nessa direção. Não sinto que haja isso. (...) Correio: Essa posição responsável, por exemplo, é defender a atual política econômica? FHC: Eu já disse mais de uma vez. Esses fundamentos macroeconômicos foram feitos no meu governo. Basicamente, o câmbio flutuante, a lei de responsabilidade fiscal e a política monetária que controlam a inflação. Agora, o manejo disso depende das circunstâncias. Não há porque dizer que está sempre certo. Essa taxa de juros elevada do jeito que está há tanto tempo terá efeitos. E a valorização da taxa de câmbio como está hoje também. É exagerado. (...) Correio: O PSDB não quer ser responsabilizado pela saída do ministro Palocci, é isso? FHC: Esse é um problema do presidente Lula. Outra coisa é o problema da CPI.  Correio: O senhor propõe uma agenda nova para o país? FHC: Estamos numa situação em que é preciso fazer de novo o que foi feito quando elaboramos o Plano Real. Como é que se resolve a questão da taxa de juros no Brasil? Não é mais razoável que tenhamos uma taxa de juros real de 12% a 13% ao ano. Eu não estou acusando o ministro da Fazenda, nem o Banco Central. Mas é preciso fazer um esforço para superar essa situação. O pessoal tem medo da volta da inflação por causa disso, de acelerar a demanda. Mas esse é um problema que precisa ser enfrentado. Correio: O senhor está se posicionando à esquerda do governo Lula? Eu não tenho dúvida quanto a isso. Essa é uma condição necessária para o país avançar. Eu não tenho dúvida de que o PSDB tem que ir para a esquerda, não na retórica, mas substantivamente. Não tenho dúvida quanto a isso."  PRIMEIRA LEITURA

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