Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, novembro 23, 2005

FERNANDO RODRIGUES A imagem de Lula

FSP
BRASÍLIA - Se for para dizer que Lula já era, há dois dados que chamam a atenção na pesquisa CNT-Sensus, divulgada ontem.
Primeiro, é quando os entrevistados respondem a uma bateria de perguntas sobre a atual crise. Para expressivos 64,3%, a corrupção no Brasil "vai sempre existir". Só 31,8% acreditam que "pode acabar, dependendo do governo". Em resumo, a desesperança grassa entre os brasileiros.
O outro dado a ser considerado é a rejeição do presidente da República: 46,7% não votariam em Lula se a eleição fosse hoje.
Em outubro de 2002, pouco antes do segundo turno da disputa presidencial, a mesma pesquisa Sensus registrava só 28% de rejeição a Lula.
É o fim da linha para o petista? A queda não pára e Lula já era? Mais ou menos. Os números são ruins, mas é necessário contextualizá-los.
No seu primeiro mandato, FHC pontuava na pesquisa Sensus de maneira não espetacularmente superior à de Lula hoje. Em dezembro de 1997, com três anos de estrada, a administração tucana registrava 38% de avaliação positiva, 41% de regular e 19% de negativa. Os percentuais do governo petista hoje são de 31%, 38% e 29%, respectivamente.
É necessário considerar o momento em que cada uma dessas pesquisas foi realizada. No caso de FHC, com três anos de mandato, o país surfava no falso real forte e a crise da compra de votos da reeleição tinha sido sufocada alguns meses antes. Lula continua no meio do furacão.
Pode aparecer alguma prova contundente amanhã que até derrube Lula -há muita gente atrás dessa evidência. Se aparecer, OK, é o fim. E se não vier nada? Nesse caso, a crise Palocci estará superada em alguns dias ou semanas, com ou sem Palocci na cadeira. Daí, vem o Natal. O país pára. Em fevereiro, as CPIs acabam. Aí, sim, será a hora de saber como Lula se saiu da crise. Por enquanto, só é possível especular.

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