Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 20, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Lula versus FHC



FSP
 BRASÍLIA - Apesar de abatido, cansado e envelhecido, aos 74 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a estrela da convenção nacional do PSDB, na sexta-feira.
Alckmin discursou e circulou como candidato, Serra preferiu ler um discurso e se recusou a circular. E ambos foram recebidos com frieza e despachados com aplausos meramente protocolares pela platéia de tucanos.
No final, depois de meia hora se recuperando de uma brusca queda de pressão, FHC foi o grande orador. Meteu o sarrafo no governo, falou de corrupção, disse que a situação hoje é pior do que na era Collor. Foi aplaudido calorosamente. A tucanada pediu bis quatro vezes.
Os mais maldosos comentavam que um Alckmin mais um Serra não somam meio Fernando Henrique. Exagero, claro, mas deixa a sensação de que nenhum dos dois presidenciáveis chega a emocionar o próprio partido. E, se não, por que eles emocionariam um eleitorado de milhões?
Qualquer pesquisa mostra, com clareza, que não se formou um forte movimento "fica Lula", mas igualmente não existe um grito "volta FHC". Lula já sente o peso de quase três anos de mandato, três CPIs, crise política, e FHC evidentemente se ressente do desgaste de oito anos de mandato. Mas o fato é que, hoje, o embate no imaginário popular entre PT e PSDB ainda é entre Lula e FHC -que nem é candidato.
Alckmin e Serra, que nos bastidores não poupam mútuas ironias (para dizer o mínimo), estão na fase de convencer o chamado público interno, para depois pescar em águas mais profundas. Mesmo Alckmin, que já viaja pelo país e se assume candidato, parece longe de ser nacional.
E o risco, como Aécio Neves vive dizendo, é que PSDB e PT não se ocupem de nada mais além de tentarem de aniquilar um ao outro. A campanha não será a favor de nada, mas contra tudo e todos. E o próximo presidente, seja quem for, corre o risco de conquistar nas urnas um único direito: o de cair de cabeça no inferno.

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