Hora de coesão
Oministro Antonio Palocci compareceu à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado numa situação de maior fragilidade do que quando, há três meses, convocou uma entrevista coletiva para responder à primeira acusação mais grave partida de um antigo colaborador dos tempos de prefeito de Ribeirão Preto. Naquela entrevista, Palocci foi convincente ao refutar a denúncia de Rogério Buratti de que a prefeitura havia contribuído para o caixa dois do PT, já administrado por Delúbio Soares, com um "mensalinho" de R$ 50 mil arrecadados junto a uma empreiteira regional.
Palocci foi ontem ao Senado com avarias sofridas em mais uma frente. Além do surgimento de novas histórias desabonadoras envolvendo antigos auxiliares na prefeitura de Ribeirão, e o próprio irmão, Adhemar Palocci, o ministro apresenta agora um grave dano no flanco político, depois que a proposta de um plano conseqüente de ajuste fiscal de longo prazo, desenhado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com seu apoio, foi pública e ostensivamente desqualificada pela chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff. E sem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe desse apoio público à altura do incidente.
Foi como se o próprio presidente, ao emitir nota oficial burocrática, sinalizasse alguma dúvida com a política de ajuste fiscal diante da proximidade das eleições, marco do início de grandes pressões por mais gastos públicos. Palocci, portanto, luta hoje em duas frentes. Com um único e importante trunfo: poder ostentar estatísticas econômicas muito auspiciosas e até históricas, construídas exatamente porque Lula deixou para trás os dogmas ideológicos do PT ao assinar a Carta ao Povo Brasileiro, e apoiou Palocci e equipe num programa de austeridade fiscal cujo resultado, entre outros, foi podar uma inflação de 17% ao ano para os níveis atuais, abaixo dos 5%.
O ministro respondeu com a mesma firmeza da entrevista de agosto às acusações que emanam da chamada República de Ribeirão. Identifica por trás de tudo uma ação dirigida do Ministério Público e das autoridades policiais de São Paulo. Garante poder provar a inocência, defende as investigações, mas pede que tudo transcorra dentro da lei, sem prejulgamentos, invasões de privacidade e destruição de biografias. E diante da preocupação da oposição com o risco de o comparecimento dele ao Senado ser uma tentativa de driblar a CPI dos Bingos, Palocci colocou-se à disposição da comissão. Agiu de forma correta. Só mesmo o aprofundamento dessas investigações — sem manipulações políticas — pode afastar as sombras que rondam o ministro.
O ponto alto do depoimento, porém, foi a clara cisão que Palocci explicitou entre a política econômica e a postura da chefe da Casa Civil, contrária a um plano que faça os gastos correntes da União pararem de crescer à frente do PIB. Sem isso, diz Palocci com razão, não haverá queda de impostos — ao contrário, a carga tributária tenderá a subir — nem retornarão os investimentos públicos. Mais do que nunca, cabe ao presidente da República optar. Sem coesão no governo, frisa Palocci, é impossível continuar a executar uma política econômica responsável. É um tema para Lula meditar, e agir com rapidez.
Entrevista:O Estado inteligente
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