Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 03, 2005

CLÓVIS ROSSI A surra necessária

 SÃO PAULO - Roberto Romano, professor de ética e acadêmico que não renunciou à obrigação de raciocinar, ao contrário de tantos, foi elegante ao comentar para o UOL o nível atual do debate político: "Estão confundindo democracia com casa-da-mãe-joana".
Já o leitor Rogério Riva Raymundo, gaúcho e colorado (torcedor do Inter, aviso para que a direita raivosa não se assuste), prefere ser mais, digamos, contundente na sua avaliação: "As CPIs deram início a uma infernal briga de quadrilhas. Parece que o morro do PT resolveu atacar o morro do PSDB, que está revidando, ajudado pelo morro do PFL. E, como em briga de quadrilha sempre tem traidores, aparece um Delúbio, Valério, Jefferson. Não dá um belo livro sobre crime organizado, traições, recheado com secretárias gostosas?".
Livro talvez dê, caro Riva. O que definitivamente não vai acontecer é surgir algo de bom para o país da brigalhada na "casa-da-mãe-joana". Como nas guerras no morro, sobram balas perdidas, que vão matando a decência, a discussão de projetos para o país, as esperanças.
O comentário do colorado Riva pode parecer até grosseiro e exagerado, mas, na Folha de ontem, Marcio Pochmann (Unicamp), que tem talvez os melhores trabalhos sobre projetos sociais e distribuição de renda, chega à conclusão na essência parecida. Escreveu Pochmann: "Não há como produzir um projeto de país capaz de possibilitar a inclusão do conjunto do povo frente ao atual padrão de enriquecimento com origem na especulação financeira, nas heranças patrimoniais e no submundo privado. Inversamente à concentração da riqueza, permanece intacto o déficit nos serviços públicos indispensáveis à vida civilizada".
Em sendo assim, a melhor coisa que pode fazer o eleitorado que não entrou na "casa-da-mãe-joana" é dar uma surra em todos eles no ano que vem nas urnas.

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