Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 19, 2005

CLÓVIS ROSSI Projetos e gastanças

FSP

SÃO PAULO - Então, estamos assim: o PSDB confessa pela voz de Tasso Jereissati, seu novo presidente, que não tem projeto para os desafios presentes do país, enquanto o governo confessa, pela voz de Antonio Palocci, que seu projeto é o que o PSDB executou no passado e que, portanto, respondia aos desafios passados.
Ah, faltou dizer que o projeto do governo não é o projeto do partido que elegeu o presidente, um tal de PT, o que ficou definitivamente comprovado pelos inúmeros elogios que Palocci fez aos governos anteriores, hostilizados pelo PT, pelo pedido de desculpas por tais hostilidades e por não ter em momento algum elogiado algo do próprio PT.
Há quem saúde o projeto Palocci pela estabilidade, como o faz Jereissati. Tudo bem, não deixa de ser um mérito. Mas é insuficiente.
Há também quem repita, todos os dias, que equilíbrio fiscal é condição indispensável para a estabilidade e para o desenvolvimento. Tudo bem de novo, desde que se diga também que é condição necessária, mas insuficiente. Para não mencionar o fato de que não há equilíbrio fiscal, mas desequilíbrio às avessas: o governo, em vez de gastar mais do que arrecada, não gasta quase nada, exceto com os juros, o que não é exatamente uma atividade capaz de gerar o desenvolvimento da pátria amada.
Passou-se, pois, de um pecado (o excesso de gastança) para outro (a falta absoluta dela). Não é porque o primeiro é um erro que o segundo vira automaticamente o certo.
É por aí -e só por aí- que pode ter curso a briguinha Dilma Rousseff/ Palocci. O presidente, teoricamente o árbitro, aceita o superávit fiscal inicialmente estabelecido por Palocci (aqueles 4,25% do PIB), mas acha que economizar mais e segurar os gastos durante quase todo o ano, como está ocorrendo, desestrutura a ação do governo.
Portanto, se vier alguma mudança, ficará dentro de certos limites, a menos que a reeleição fique mais ameaçada do que crê Lula.

@ - crossi@uol.com.br

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