Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, novembro 22, 2005

CLÓVIS ROSSI Esquerda, volver

FSP


  GENEBRA - Ainda há vida no planeta socialista ou social-democrata. O Partido Socialista Francês aprovou em seu congresso do fim de semana uma plataforma que a mídia européia em coro chama de "guinada para a esquerda", como diz o britânico "Financial Times".
De fato, o PS propõe o "controle político democrático" do Banco Central Europeu, para estimular crescimento e emprego em vez de só atacar a inflação (compare, por favor, com a proposta de autonomia defendida por setores do governo do PT).
Propõe também uma taxa sobre as corporações, para levantar dinheiro para aumentar o orçamento da União Européia com vistas a gastar mais em investimentos e em projetos sociais (um pouco na linha defendida por Dilma Rousseff).
Há até a promessa de desfazer a privatização da EDF (empresa de eletricidade), na primeira vez em que um partido social-democrata fala em reverter o processo de privatizações, do qual, aliás, os socialistas franceses foram agentes relevantes quando no governo. Nem o PT, que era supostamente mais à esquerda, fala em reestatização do que quer que seja.
Os céticos diremos que é fácil ser radical quando se está na oposição e quando a credibilidade aos olhos do público continua perto de zero, como acontece com os socialistas franceses, segundo pesquisa recente.
A mídia européia conservadora reagiu com as previsíveis críticas sem, no entanto, deixar de dar destaque. O próprio "Financial Times" puxou a guinada para o alto de sua página 6, o que não é pouca coisa.
Já o "Die Welt" (Alemanha) atacou o projeto do PS como "uma colcha de retalhos de idéias socialistas ultrapassadas que datam do início dos anos 80". O "ABC", espanhol, considerou "inquietante" o que chamou de "apelo do socialismo francês à esquerda radical".
"Inquietante", "ultrapassado" ou o adjetivo que você preferir, é um projeto. Melhor que o nada que se percebe no Brasil.

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