Lula topará tudo para ser reeleito. Sua garra é mais do que política - é a salvação de sua imagem. Para vencer, ele usará todo seu carisma de "messias" do povo, de operário em construção. Em 2006, Lula vai dizer que "nenhum governo foi tão investigado" sem resultados e sem provas. A pizza vai virar sua bandeira. Trama-se uma segunda tentativa de tomar o Estado, já que o Jefferson estragou a primeira. O espírito de José Dirceu continua no comando. Sob ele trabalham Dilma Roussef, mesmo negando, Buratti, obedecendo a ordens subliminares - tudo se faz para que Palocci perca o domínio. Aos poucos seremos convencidos de que talvez possa rolar um coquetel de Dilma com Palocci. Em tese, até que poderia surgir um "mix" dos dois métodos, mas o perigo é o desacerto com duas cabeças criando um centauro, um camelo macroeconômico, dados o despreparo e a voracidade eleitoral dos petistas. Mesmo que as medidas comecem a dar "chabu", mesmo que "micos" apareçam, o PT "dirceuzista" não se deterá. E Dilma já falou em inflação de 15 ou 20 por cento ao ano - é assim que começa. Não conseguiram cortar gastos do Estado, nem fazer reformas e, aí, partiram para condenar o único remédio que funcionou. Para eles, tudo menos a derrota. Para isso, Lula será apoiado por forças da fé e do oportunismo. Os desiludidos da militância vão dar a Lula uma segunda chance, outros acreditarão na "conspiração das elites", porque Lula é seu único Jesus. A fé é assim - contra as evidências ela se reforça. A eles se juntarão intelectuais incorrigíveis (que andam calados e escaldados), com novas racionalizações para manter o PT no poder (teoria deles: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal - os tucanos neoliberais.") Haverá uma maratona de oportunistas se Lula estiver bem nas pesquisas. E tudo será construído em cima da ignorância política dos pobres, nos grotões e outros buracos mais urbanos. O PT terá chance de reeleição se conseguir camuflar o grande crime debaixo da capa preta dos pequenos crimes. E, no entanto, a profunda verdade só foi revelada até agora por Roberto Jefferson: os petistas ocuparam postos estratégicos no Estado para pilhá-los em nome do povo. Jefferson, o tenor da verdade, foi o único cassado importante até agora. O resto, sabemos, foram desculpas esfarrapadas de "caixa dois" e "mensalões". E agora, quanto mais se descobrem novas corrupções, as investigações vão perdendo a eficácia. O principal será escondido pelo secundário. A tática é assim: confessar uma meia-verdade para esconder uma grande Mentira. No mês passado, Lula fingiu uma esperta "autocrítica": "Nós erramos por não termos dito desde o começo claramente: os companheiros pegaram dinheiro não contabilizado e não declararam. Era muito mais fácil de explicar para a sociedade." Além do ato falho ("muito mais fácil"), vejam a malandragem: confessa-se um pequeno "erro" (delito) para esconder os bilhões que foram desviados das estatais, de fundos de pensão, de arreglos com empresas como Interbrasil, Skymaster, Garanhuns, agências de publicidade, etc. E o mais grave é que, com tantas denúncias e escândalos se somando, podemos cair numa busca de "punição" que acaba ficando "conservadora", pois a idéia de punir pressupõe o "pecado", quando o que houve foi uma construção ideológica "revolucionária". Assim, vamos perder a chance de entender e mudar as regras do jogo que permitiram tal cataclismo no País. Como escreveu outro dia Fernando Abrucio, no Valor: "Tal distorção se origina no ataque meramente às pessoas ou grupos políticos, quando o foco devia ser centrado nas raízes institucionais da corrupção." Há, nos petistas e populistas da velha esquerda, a obsessão de desconstruir o caminho democrático que alcançamos depois da ditadura e do impeachment: democracia com república. Querem reverter o País ao tempo de um vago estatismo desenvolvimentista, de nostálgicos sonhos leninistas, de pálidas heranças janguistas. Não toleram o mundo real e até hoje ignoram a queda do Muro de Berlim. Eles navegam sobre o autoritarismo salvacionista do País, entranhado na alma popular, para recuperar um projeto nacionalista, estatizante, utilizado pelo fisiologismo tradicional como sendo "progressista". Bons exemplos são: o programa psicótico que Carlos Lessa fez para o Garotinho e também, por exemplo, o "rationale" de intelectuais do populismo que apóiam o Quércia há anos, como se ele fosse uma prótese entre JK e Ademar de Barros. E muita gente boa ainda não entende a preciosa mudança que houve neste país, nos últimos 15 anos, provocada pelas mãos invisíveis da tecnologia, da globalização da economia, da estabilidade monetária e do fortalecimento da sociedade civil. Querem acabar com a sensatez que já existe. As engrenagens inconscientes estão se movendo. O velho Brasil quer voltar ao seu formato original, renascendo como rabo de lagarto. E isso ajuda os demagogos e visionários, pois é um movimento estrutural além dos homens e dos discursos; é automático, quase físico. O que preocupa não é a pizza; é a encrenca sem fim que virá depois. A pizza é bobagem, coisa menor. O trágico é a volta do labirinto do Atraso histórico. E a volta a um tempo de zona geral trará a descrença na democracia, difícil de entender para os ignorantes. Nunca a decepção leva à busca de um biscoito mais "fino". O povo vai preferir o pior. Os erros de um governo popular criam desejos de "populismo". Se voltar a loucura de épocas nefastas como nos tempos de Jânio, Jango, Collor, Sarney, seremos arremessados a uma violenta marcha à ré. E hoje em dia, num mundo complexo e incontrolável, nosso caos poderá ser irreversível.
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Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, novembro 22, 2005
Arnaldo Jabor Vem aí: 'A Tomada do Estado' - Parte 2
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