Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 14, 2005

REAJUSTE MILITAR

Mais uma vez o governo federal deverá se ver às voltas com protestos de militares. Até agora o Planalto não cumpriu o compromisso de, em março, reajustar em 23% os soldos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Essa seria a segunda parcela de uma série de reajustes iniciada em setembro passado.
O aumento -anunciado pelo ex-ministro da defesa José Viegas, após conversa com o presidente Lula, em 2004- foi a resposta à onda de protestos protagonizada por mulheres de militares, com o apoio discreto dos comandantes das três Forças.
Todavia a promessa de reajuste, ao que tudo indica, não passou de um remédio temporário, serviu para aplacar os ânimos e postergar o problema -conduta já consagrada no atual governo. A segunda parcela não só não veio no prazo estabelecido como não foi incluída no Orçamento de 2005. O principal empecilho para o cumprimento do compromisso são as resistências postas pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, que se opõem à idéia em nome da contenção de despesas.
Ninguém nega que um reajuste dessa ordem implica gastos consideráveis aos cofres públicos -só a primeira parcela concedida em setembro teve um impacto de R$ 750 milhões na folha de pagamento do ano passado. Ainda assim, seria desejável que o presidente da República fizesse valer sua palavra -ou, por outra, que só prometesse aquilo que seu governo tem condições de cumprir.
Resta esperar o desfecho de mais um imbróglio que toca pontos muito sensíveis gestado por inépcia do Planalto. A despeito do resultado, fica a constrangedora impressão de que, sem combinar antes com Palocci, a palavra de Lula perde credibilidade.
Folha de S.Paulo - Editoriais

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