A indústria cresce ou está parando? A CNI mostrou, na terça-feira, crescimento de vendas, emprego, salário e horas trabalhadas em fevereiro; o IBGE mostrou ontem queda de 1,2% na produção industrial. O país cresce, mas está reduzindo o ritmo do crescimento. Em algumas áreas, o ritmo continua forte; em outras, a queda é forte. A produção industrial de bens para agricultura caiu 26,7%; a produção de adubos e fertilizantes, 18,6%, em fevereiro comparado ao mesmo mês de 2004.
Mas a curiosidade da semana é a discrepância entre os dados da CNI e do IBGE, que todos os meses são divulgados em dias seguidos e costumam um confirmar o outro. O diretor do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Salles, não se impressiona com a diferença:
— Normalmente há aderência entre os dados, mas, às vezes, há distinção. Quando se faz a conta como média móvel, vê-se que houve uma recuperação forte da indústria e, nos últimos meses, há estabilidade na produção industrial — explica ele.
Olhando trimestre por trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, é possível notar que, no primeiro trimestre do ano passado, a indústria cresceu 6,5%. No segundo trimestre, 10%; no terceiro, 10,4%; no quarto, 6,3%. E, neste bimestre comparado ao primeiro bimestre do ano passado, o crescimento foi de 5,2%. O que significa que está havendo uma desaceleração, que é sentida mais fortemente em algumas áreas, e que, em outras, o ritmo permanece intenso. Isso tudo produz discrepância nas estatísticas.
— Ao longo de 2004, o crescimento ganhou velocidade, mas depois esse ritmo ficou mais reduzido. Veja, por exemplo, bens de capital para fins industriais que, no ano passado, cresceu 16% e, no primeiro bimestre de 2005, está com crescimento bem menor, de 6% — avalia Sílvio Salles.
Os dados de fevereiro desagregados mostram que o setor de automóveis continua crescendo forte. Em fevereiro, a produção de automóveis cresceu 14,2%, o que é bom, mas já foi melhor: em dezembro, também comparando com igual mês do ano anterior, a produção de automóveis cresceu 27%. Os economistas esperavam que este ano houvesse crescimento maior de bens de consumo não duráveis enquanto o de bens de consumo duráveis fosse reduzir o ritmo. Ainda não é isso que as estatísticas estão mostrando. Os duráveis continuam crescendo e, em alguns setores, o crescimento é forte, como em celulares, que deve aumentar suas vendas em 30% este ano. A agricultura tem tido problemas, mas eles também são diferentes em cada área. José Roberto Mendonça de Barros resumiu recentemente a situação assim:
— O único setor de máquinas que tem contração de produção e emprego é o de tratores e equipamentos agrícolas. No Sul, as perdas com a seca foram muito graves; no Brasil Central, a produção será boa e a recuperação do preço da soja veio em boa hora. Para o grupo laranja-café-cana, o céu é de brigadeiro.
Na CNI, o coordenador de política econômica, Flávio Castelo Branco, também não se espantou com a discrepância dos dados em relação aos do IBGE:
— O resultado de ontem, que mostrou crescimento, surpreendeu pela intensidade mas, como tivemos um janeiro ruim, já esperávamos a alta. Em março, nossa expectativa é de que caia. A economia pode estar começando a andar de lado, crescendo um pouco num mês, caindo um pouco depois.
Já Sílvio Salles, tentava ontem, ao conversar com os jornalistas, reduzir a preocupação em relação à queda de 1,2% da produção industrial. Mas o fato é que os analistas dos bancos e consultorias esperavam que houvesse crescimento na produção industrial em fevereiro. E o indicador divulgado foi negativo, mostrando que a taxa de juros está fazendo efeito. O risco é fazer efeito demais.
Entrevista:O Estado inteligente
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