Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, abril 06, 2005

Folha de S.Paulo - Nelson de Sá: Os libertos - 06/04/2005



Começou antes mesmo da morte do papa.
O teólogo suíço Hans Küng, na revista "Der Spiegel" da semana passada, traduzido no UOL, escreveu longo artigo dizendo que João Paulo 2º "se provou uma decepção e, no fim das contas, um desastre".
Colega do brasileiro Leonardo Boff na linha de frente da teologia da libertação, ele questionou o poder da Opus Dei, o celibato dos padres e até a "política de recursos humanos".
Boff também escreveu artigo de avaliação do papado de João Paulo 2º, para o site católico latino-americano Adital, mas usou de tom mais contido -até com elogios, irônicos, à "irresistível dramatização mediática" e à "publicidade social".
Como Küng, Boff questionou no texto a centralização e a "moral rígida". Em entrevista ao site Carta Maior, acrescentou críticas duras ao fortalecimento da Opus Dei e às "divisões criadas dentro da Igreja".


Com as palavras dos dois teólogos, ambos punidos por João Paulo 2º ao longo das últimas décadas, o brasileiro mais que o suíço, a teologia da libertação reabriu suas portas.
Ontem se liam despachos de agências e reportagens com enunciados como este da britânica Reuters, em sites de jornais diversos pelo mundo:
- A teologia da libertação poderá recuperar o ímpeto em países em desenvolvimento como o Brasil, com a morte do papa, declaram bispos próximos ao movimento.
Entre outros, opinaram assim d. Tomás Balduíno e d. Pedro Casaldáliga, este talvez o último dos punidos por João Paulo 2º, poucos meses atrás.


A teologia da libertação está à solta, mas é uma força marginal no cenário eclesiástico que a cobertura vai desenhando, ao menos no exterior.
O "Washington Post" voltou a destacar "o suave e experiente" d. Cláudio Hummes entre os favoritos à sucessão, mas salientando que ele "suprimiu o ardor da igreja brasileira pela teologia da libertação, mantendo, ao mesmo tempo, o compromisso com a justiça social".
O "New York Times", em longa reportagem de Larry Rohter, também com destaque para d. Cláudio na sucessão, sublinhou os esforços de João Paulo 2º para banir a teologia da libertação, culminando com a indicação dos cardeais latino-americanos ligados à Opus Dei.

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