Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 09, 2005

Folha de S.Paulo - Fernando Rodrigues: A alma do negócio - 09/04/2005



BRASÍLIA - O melhor do Brasil pode até ser o brasileiro, mas o melhor do governo Lula é a propaganda. A administração federal petista torrou R$ 867,1 milhões em publicidade no ano passado. Com produção de comerciais, propaganda legal (balanços e editais) e patrocínios, a soma passa de R$ 1,050 bilhão.
É muito dinheiro sob qualquer aspecto. Quando se observa a montanha de recursos gastos por algumas prefeituras e governos estaduais, o Brasil fica tranqüilamente no topo da lista entre os países que mais consomem verbas públicas para fazer propaganda de seus governos.
Há um fato positivo no número divulgado pela Presidência da República nesta semana: exatamente o fato de ter sido divulgado. No governo FHC, essa informação era sempre escamoteada. Ponto a favor para Lula, seu secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, e o responsável pela publicidade federal, Caio Barsotti.
Feita a ressalva, é necessário dizer que a transparência ainda é muito tímida, minúscula, insuficiente.
O governo federal só apresenta números gerais, consolidados. Não diz quanto cada veículo de comunicação recebeu, separadamente, para divulgar as propagandas estatais. Também não se sabe qual é a receita exata das 45 agências de publicidade a serviço da administração federal.
O argumento, discutível, é que esses dados pormenorizados não podem ser publicados. Iriam ferir o sigilo de órgãos que disputam o mercado junto com a iniciativa privada.
O Banco do Brasil, por exemplo, concorre com o Bradesco, o Itaú e outros. Ficaria numa situação desconfortável se divulgasse detalhadamente seus gastos com propaganda e patrocínio? Mais ou menos. Como é uma instituição pública, tem de ter uma abordagem diferente, pois não visa somente ao lucro. Se não for assim, para que ter um banco estatal? Seria melhor privatizá-lo. Mas privatizar não é a praia do PT. Ainda.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog