Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 08, 2005

Folha de S.Paulo-ELIANE CANTANHÊDE:Tudo igualzinho

BRASÍLIA - "O PSDB é o único que ainda acredita que o governo do PT é de esquerda. Morre de medo de bater e ser acusado de direita."
A frase, que pode parecer irônica, mas é cheia de significados, é do deputado mineiro Roberto Brant, que já foi tucano e está no PFL, partido que reuniu ontem em Brasília um grupo de economistas ligados ao partido e ao governo FHC para discutir rumos e um plano de governo.
É quase o que pretende o Campo Majoritário do PT, integrado por Dirceu, Palocci e Genoino e que se reúne no fim de semana no Rio.
O que a reunião do PFL tem a ver com a da tendência petista? Nos dois casos, o centro das discussões são o governo Lula e uma preocupação: qual a alternativa à mesmice da política econômica? Como gerar crescimento sem descumprir a cartilha?
O PFL foi governo com FHC e é oposição a Lula, buscando uma certa coerência: Estado enxuto, mercado poderoso. Bornhausen, seu presidente, apresenta uma equação para sair de uma década de arrocho econômico: "Menos tributos, mais empregos".
No PT, tudo é bem mais complicado. O Campo Majoritário defende Estado muito atuante (empregador?) e, ao mesmo tempo, uma relação cada vez mais pragmática e em sintonia com o mercado. Pode até copiar e colocar timbre partidário na política econômica que antes acusava de "neoliberal" e que o seu governo assumiu com fé e gosto. O plano do PT pode ficar semelhante ao do PFL.
O PFL disputa um lugar ao sol numa política dividida entre PT e PSDB. Difícil. E os moderados do PT querem perder o pudor verbal e encampar o discurso de centro do governo Lula. Mas governos passam e partidos ficam. Ou não...
O que dizer sobre os juros e o superávit fiscal? Uma ressalva daqui, outra dali. Enquanto se procuram -e não se encontram- planos B, C ou D para a política econômica, tudo vai ficando muito parecido. Fala-se que o PT e o PSDB estão iguaizinhos. E o PFL, também tem tudo a ver?

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