Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, abril 08, 2005
Folha de S.Paulo-Ainda a questão do câmbio- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Volto, mais uma vez, à questão da taxa de câmbio e à ação de compra de dólares, pelo Banco Central, com o objetivo de influenciar a formação desse importante preço de nossa economia. Depois de um curto período de enfraquecimento do real -nossa moeda chegou a se desvalorizar 8% em poucas semanas-, estamos assistindo novamente à sua valorização nos mercados. Nos últimos dias, o real já se fortaleceu mais de 6% e reverteu praticamente toda a perda anterior de seu valor.
No curto período de dois meses, entre o ponto mais baixo de nossa taxa de câmbio, em fevereiro passado, e agora, o BC aumentou as reservas externas do Brasil em mais de US$ 12 bilhões. Além disso, o Tesouro reduziu sua dívida interna indexada à taxa de câmbio em US$ 9 bilhões. Esse é o lado virtuoso da ação de nossa autoridade monetária.
Do lado negativo, temos um aumento de mais de US$ 20 bilhões, ou R$ 52 bilhões, na dívida pública interna indexada aos juros internos, Selic e taxas prefixadas. Em conta redonda, esse movimento vai gerar um aumento na despesa com juros do governo federal de mais de R$ 7 bilhões ao ano. Além disso, a colocação desses títulos públicos adicionais está provocando uma indigestão no mercado desses papéis.
Como sempre ocorre com decisões importantes de política econômica, está caracterizado um quadro que os economistas chamam de "trade-off". Em outras palavras, temos um lado bom e um lado ruim na compra de dólares pelo BC. No lado positivo, uma clara redução da fragilidade externa, via dívida externa menor; no lado negativo, um aumento importante no já pesado fardo dos juros no Orçamento do governo.
Entretanto o maior problema não é esse jogo do tipo "Escolha de Sofia", mas sim o fato de que voltamos, hoje, à situação original que tínhamos há dois meses. O incrível ritmo de nossas exportações, que está levando a uma vigorosa revisão nas projeções do saldo comercial para 2005, é uma das causas desse "bom problema" que estamos enfrentando. A outra é o nível elevadíssimo de juros que a política monetária está impondo ao mercado financeiro e o movimento de capitais externos de curto prazo. O que fazer agora parece ser a dúvida que domina o mercado e o governo.
Voltar a intervir no câmbio e aumentar, ainda mais, o problema associado à esterilização monetária da elevação das reservas externas ou deixar a taxa de câmbio refletir este momento mágico que vivemos e valorizar-se a níveis ainda mais baixos do que o de hoje? Uma taxa de câmbio a R$ 2,50 é questão de semanas nesse caso.
A primeira alternativa nos leva, inexoravelmente, a um aumento expressivo do chamado superávit fiscal primário e a um agravamento do conflito político com os ministérios mais importantes do governo Lula. Escolhendo o segundo caminho, podemos estar matando, a médio prazo, a galinha de ovos de ouro que é o extraordinário dinamismo de nossas exportações.
Do ponto de vista meramente econômico, a manutenção das compras de dólares pelo BC parece ser o mais indicado no momento. Reservas maiores vão provocar um efeito benéfico sobre chamado risco Brasil e dar maior segurança à continuidade do esforço exportador do setor privado. Mas o governo terá de cortar, ainda mais, as despesas públicas em áreas sensíveis para o governo Lula e às vésperas de uma eleição, vista pelo PT, como jogo de vida ou de morte.
Outra possibilidade é reconhecer a armadilha boa em que nos encontramos e afrouxar um pouco o sistema de metas de inflação, via redução dos juros internos. Com isso, vamos ter um encolhimento na entrada de capital financeiro de curto prazo e uma diminuição da pressão sobre o real forte. O problema é que, nos próximos meses, apenas a entrada de dólares via comércio exterior será suficiente para dar continuidade a esse processo de valorização do real. Os últimos dados do Banco Central mostram uma entrada diária de mais de US$ 470 milhões, via o canal das exportações, em março.
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