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quinta-feira, abril 07, 2005

Folha de S.Paulo - Editoriais: PRESIDÊNCIA IRAQUIANA - 07/04/2005



Passadas dez semanas das eleições legislativas, partidos políticos iraquianos finalmente chegaram a um acordo para a composição do governo. O líder curdo Jalal Talabani foi escolhido ontem pela Assembléia Nacional para presidir o país. O xiita Adel Abdul Mahdi é o primeiro vice-presidente, e o árabe sunita xeque Ghazi al Yawar ocupa o posto de segundo vice-presidente. Juntos, os três compõem o Conselho da Presidência. Eles tomam posse amanhã.
A Presidência é um cargo principalmente cerimonial. Formalmente, o Conselho da Presidência tem o poder de designar o primeiro-ministro, que é quem de fato comanda o governo, mas os principais cargos relevantes da administração já foram negociados antes da indicação de Talabani para o posto. O premiê deverá ser o xiita Ibrahim al Jaafari, chefe do Partido Islâmico Dawa, uma agremiação religiosa xiita moderada.
Apesar de os xiitas serem a principal força política do Iraque hoje, os curdos encontram-se bastante fortalecidos. Por mais decorativa que seja a Presidência, ela tem um peso político não desprezível. Mais, para compor com os xiitas e garantir os dois terços da Assembléia necessários para apontar o Conselho da Presidência, Talabani obteve concessões em várias áreas. Ele deverá ter influência tanto sobre o governo como sobre a Assembléia, que deverá escrever uma Constituição definitiva.
A agenda dos curdos é conhecida. Embora sem ousarem declarar-se independentes, o que poderia levar a guerras com vizinhos como a Turquia, eles deverão pressionar pelo máximo de autonomia dentro do Iraque. Um ponto fundamental é o controle sobre a região de Kirkuk, na divisa entre o Curdistão iraquiano e a área árabe sunita, etnia que saiu sub-representada da eleição de janeiro. Kirkuk fica sobre um mar de petróleo, com capacidade para produzir até 1 milhão de barris por dia. O domínio dessas jazidas se converte em grande poder político. É em torno desse eixo autonomia-petróleo que os políticos iraquianos deverão transitar nos próximos meses.

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