Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 07, 2005

Folha de S.Paulo - Editoriais: MINISTRO EM APUROS - 07/04/2005

É cada vez mais insustentável a situação de Romero Jucá à frente do Ministério da Previdência. A mais recente tentativa do novo ministro de responder às acusações que lhe são feitas descamba no patético.
Sem conseguir explicar as fazendas inexistentes que ofereceu como garantia contra um empréstimo bancário para empresa de sua propriedade, Jucá tratou de responsabilizar a direção do Banco da Amazônia por não ter identificado a irregularidade.
Os apuros do ministro não se limitam às dificuldades para justificar as garantias e a destinação dada ao empréstimo bancário. Sabe-se também que Jucá tem dívidas com a Previdência que agora comanda e é acusado de, como relator da MP 222, ter inserido artigo que permitia o uso de terras griladas da União no pagamento de débitos previdenciários.
É de perguntar como o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pôde nomear alguém tão vulnerável a questionamentos para o seu ministério. É bem verdade que Jucá não é uma escolha pessoal de Lula, mas uma concessão ao PMDB do presidente do Congresso, Renan Calheiros. Isso, porém, não torna o primeiro mandatário menos responsável pela indicação que chancelou.
Lula cobrou do PMDB que defenda Jucá do bombardeio que vem sofrendo. Só resta saber se a manutenção do ministro no posto é "defensável". Lula, Renan e outros atores políticos de Brasília partem agora para as exéquias papais em Roma, de modo que o caso deve permanecer em banho-maria pelos próximos dias. Uma definição poderá surgir por volta do dia 20, prazo dado a Jucá para que apresente explicações convincentes ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles.
O ministro Jucá, é claro, deve ser considerado inocente até prova em contrário. As suspeitas, contudo, que pesam contra ele, já parecem ter comprometido a imagem de lisura indispensável ao cargo que ocupa.

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