Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 05, 2005

Folha de S.Paulo - Editoriais: CENÀRIO MELHOR - 05/04/2005


As exportações brasileiras continuam a crescer, dando sinais de que o saldo comercial de 2005, contrariando as expectativas, poderá até mesmo superar o do ano passado, de US$ 33,7 bilhões. De fato, já no primeiro trimestre deste ano o país conseguiu bater um novo recorde ao gerar um superávit de US$ 8,3 bilhões. Resultado tão expressivo parece indicar que ao menos parte dos exportadores tem encontrado condições de superar as perdas de competitividade que decorrem da queda da cotação do dólar.
O jornal "Valor Econômico" publicou ontem um estudo da Fundação de Comércio Exterior (Funcex) que constata que as empresas têm conseguido elevar os preços em dólar de produtos manufaturados vendidos para o exterior e, com isso, repassar uma parcela da valorização do real e dos aumentos de custos motivados pela alta de insumos, como o aço. De acordo com a Funcex, o preço das exportações brasileiras de manufaturados subiu em média 11% no primeiro bimestre de 2005 em comparação com o mesmo período de 2004.
Tudo indica que a possibilidade de praticar esses aumentos de preços é propiciada pela forte demanda internacional, num quadro de crescimento puxado pelas economias chinesa e norte-americana. É sintomático quanto a isso que as exportações brasileiras para os Estados Unidos tenham crescido 36,2% no primeiro trimestre deste ano.
Esse cenário é animador em relação ao que se observava em anos anteriores, quando o país se encontrava demasiadamente exposto a riscos externos. Saldos comerciais volumosos, bons resultados em conta corrente e reservas internacionais mais elevadas não asseguram que o Brasil se tenha tornado imune a crises, mas são fatores que, recorrendo a uma imagem recentemente usada pelo ministro da Fazenda, fortalecem a "musculatura" da economia.
É fundamental, portanto, zelar pela persistência dessas condições, além de procurar avançar em outras frentes, para que o país não venha a ser mais uma vez surpreendido por turbulências externas e conjunturas menos favoráveis do que a atual, ainda marcada por considerável crescimento e alta liquidez internacionais.

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