Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 05, 2005

Folha de S.Paulo - Editoriais: ANTECIPAÇÂO ELEITORAL - 05/04/2005

Ainda que haja exagero nas afirmações do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de que o governo federal persegue "sistematicamente" São Paulo, a disputa entre o Estado e o Ministério da Fazenda em torno da execução das dívidas da Vasp é inequivocamente política. Na última quarta-feira, a pretexto de cobrar a dívida da empresa, estimada em cerca de R$ 590 milhões, a União tentou confiscar R$ 57 milhões que teria de repassar ao Estado.
Contestada judicialmente pelo governo estadual, a medida foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal. O governo do Estado alega que os recursos, criados pela Lei Kandir, não estariam incluídos nas garantias contratuais da dívida, não podendo ser destinados a seu pagamento. A despeito dos aspectos jurídicos, uma coisa é evidente: trata-se de mais um episódio que nasce sob o signo das eleições de 2006.
Lamentavelmente, as movimentações pré-eleitorais começaram no dia seguinte à apuração dos pleitos municipais, no ano passado. Desde então, o governo parece preocupar-se unicamente com a reeleição do presidente, e a oposição, com os estratagemas que poderiam evitá-la. Apesar das evidências de que esses embates precoces não são o melhor para o país, o próprio presidente da República os tem estimulado ao dar, por exemplo, declarações inoportunas, como aquelas em que mencionou supostos desvios na gestão de seu antecessor.
Nesse contexto, episódios como a intervenção federal nos hospitais cariocas e a troca de acusações entre o prefeito José Serra e a ex-prefeita Marta Suplicy acerca das finanças da prefeitura paulistana vão contribuindo para acirrar a disputa.
Embora seja forçoso reconhecer que o próprio calendário eleitoral brasileiro favorece esse tipo de situação, teria sido melhor se as pretensões eleitorais do Planalto e de seus adversários não se manifestassem tão prontamente, atropelando a agenda do país.

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