Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 14, 2005

Eliane CantanhÊde: Quem avisa amigo não é

BRASÍLIA - Quando arruma o Senado, o governo desarruma a Câmara. Quando arruma a Câmara, desarruma o Senado. Desta vez, porém, as duas Casas do Congresso estão simultaneamente rebeladas.
Na Câmara, o nosso Severino apronta das suas. No Senado, o PMDB apronta das dele. A título de "dar o troco" na ministra Dilma Rousseff, impôs uma derrota grave e doída ao governo como um todo.
Desde a semana passada, senadores peemedebistas divertiam-se anunciando nos bastidores: 1) na próxima votação, Dilma levaria uma rasteira do PMDB; 2) Romero Jucá é indemissível da Previdência.
A "próxima votação" de interesse de Minas e Energia foi anteontem, quando a Comissão de Infra-Estrutura do Senado recusou o engenheiro químico José Fantine para a diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo. Fantine é o pato do ano. Não foi nada contra ele, um técnico até muito elogiado, mas tudo contra a ministra e um tranco no Planalto e no PT. Dilma é "acusada" de dar de ombros para os aliados nas nomeações e nas distribuições de verbas. Deve ter bons motivos.
Mais uma vez, como na vitória de Severino na Câmara, o governo foi o último a saber. Deve botar as barbas de molho, porque há outros projetos de interesse do Planalto e uma série de MPs na fila de votação.
Há ainda aquele probleminha: Lula não pode demitir Jucá, porque o PMDB impede; mas Lula não pode manter Jucá, porque seria indecente. Ele é alvo de uma avalanche de denúncias, todas sem resposta.
Os estrategistas de Lula calcaram a reeleição de 2006 na venda de ações de PL, PTB, PP e que tais e em investimentos maciços no PMDB. É uma operação de alto risco. O PMDB que derruba um técnico só por pirraça pode ser tudo, menos confiável.
A rejeição de Fantine foi apenas um aviso. Lula que se cuide. Comprar o PMDB pode sair bem caro -e sem garantia de retorno.
Folha de S.Paulo

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