Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 19, 2005

CLÓVIS ROSSI: Desocupados




ROMA - A proposta de dar mandato vitalício aos ex-presidentes é indefensável. Não passa da mais absoluta falta do que fazer de parte dos parlamentares, da oposição e do governo, que se juntaram para cometer mais um absurdo.
A proposta se destrói por si mesma se alguém perguntar que ganho teve a República com o fato de José Sarney, um dos ex-presidentes a ser beneficiado, ter voltado ao Senado depois de deixar a Presidência. O Parlamento ficou melhor do que era? Qual o genial pensamento que o ex-presidente deixou registrado nos anais do Senado? Qual a genial proposta que lançou ao debate?
Aliás, nem precisa ser genial. Qualquer coisa mediana já basta.
Alguém aí acha que Fernando Collor de Mello, a maior enganação da história republicana (e, possivelmente, também do período imperial e até do colonial), tem alguma contribuição a dar ao debate e ao Parlamento? Só se for contar como se fazem "operações Uruguai" ou o confisco de ativos financeiros ou outras pérolas do seu formidável período.
É verdade que Collor talvez não seja beneficiado, porque vai-se utilizar o casuísmo de que quem não terminou o mandato não ganha casa, comida e roupa lavada pelo resto dos tempos. Ridículo. Digamos que um sábio no futuro -se sábio conseguir se eleger presidente em um país como o Brasil- tenha de renunciar ao mandato por problemas de saúde. Deixa de ser sábio por isso?
O casuísmo se explica: mancomunaram-se oposição e governo para dar um prêmio de consolação a ex-presidentes que talvez nem precisem dele agora ou no futuro.
Como Collor não faz parte nem do atual grupinho governante nem do ex-grupinho governante, dançou.
Os parlamentares bem que poderiam tentar, ao menos tentar, resolver um só dos problemas nacionais. Essa idéia estúpida é que não resolve porcaria nenhuma.
Folha de S.Paulo

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