Alckmin, o ranheta!
Aplicada há pouco mais de 10 dias, saiu do forno o resultado da mais recente pesquisa do Instituto Data Kirsten sobre a eleição para prefeito de São Paulo.
Marta Suplicy (PT) tem 26% das intenções de voto. Geraldo Alckmin (PSDB), 24%, E Gilberto Kassab (DEM), 18%. Em comparação com pesquisa anterior, Marta e Kassab subiram. Alckmin caiu.
Por ora, só há más notícias para Alckmin, que teima em ser candidato a prefeito contrariando a ordem natural das coisas e os caciques do seu partido.
Circula, por exemplo, um documento de apoio à reeleição de Kassab e às candidaturas em 2010 de José Serra a presidente e de Alckmin a governador.
São 1.100 os delegados do PSDB à convenção que decidirá se o partido deve disputar a prefeitura com candidato próprio. Quase metade deles já assinou o documento. Alckmin é o único nome forte do PSDB à sucessão de Serra.
O que ele diz a respeito? Para o público interno, que não pode ficar mais dois anos sem mandato e que não confia no apoio de Serra em 2010.
Recita para o público externo: “O PSDB, pela força do partido, é evidente que quer liderar a cabeça de chapa na eleição para prefeito de São Paulo”.
Não lhe incomoda romper a aliança do PSDB com o DEM? Nem um pouco. Considera que o DEM está obrigado a seguir a reboque do PSDB – agora e mais tarde na eleição presidencial.
Dos 21 deputados estaduais do PSDB, pelo menos 15 apóiam Kassab. Dos 12 vereadores, 11. São filiados ao PSDB 19 dos 31 subprefeitos de São Paulo. É natural que apóiem Kassab.
Há 22 secretários municipais, 14 deles do PSDB. Os 14 também apóiam Kassab.
Sem subtrair os méritos do prefeito, não se pode dizer a rigor que ele governa São Paulo. Quem governa é Serra, que se elegeu prefeito em 2004 e renunciou ao mandato para suceder Alckmin no governo do Estado. Foi quando Kassab, o vice, ocupou a vaga de Serra e limitou-se e dar continuidade à sua administração.
O que diz Alckmin a respeito? Nada de convincente. Alega que o PSDB é um partido importante demais para abrir mão de ter candidato próprio a prefeito da maior cidade do país.
Ora, no Rio, a segunda maior cidade, o PSDB apóia Fernando Gabeira (PV). Em Belo Horizonte, a terceira, apoiará o candidato do PSB – se possível junto com o PT. E no Recife, o candidato do PMDB. A eleição deste ano é o ato inaugural da eleição de 2010. Testará futuras alianças.
O PMDB de Orestes Quércia anunciou seu apoio a Kassab por obra e graça de Serra. Caso o PMDB e o PSDB se unam em São Paulo daqui a dois anos, Quércia apoiará Serra para presidente. E por ele será apoiado para senador.
Serra está por trás do apoio a ser anunciado em breve do PR do vice-presidente José Alencar à candidatura Kassab. PMDB, DEM, PR e PV garantem a Kassab 10 minutos de propaganda no rádio e na televisão a partir de meados de agosto. Marta conta com os três minutos do PT e corre atrás dos minutos do PTB. E Alckmin?
Se por cima de pau e de pedra ele arrancar do PSDB a indicação para candidato, prepare-se para enfrentar a mais ingrata campanha de sua vida.
No primeiro momento, os cardeais do partido posarão sorridentes para fotos ao lado de dele. Depois manterão distância. A não ser que Alckmin dispare nas pesquisas.
A legislação eleitoral impedirá Serra de subir no palanque de Kassab como ele pretende. Mas a ninguém Serra antecipa se subirá no palanque de Alckmin. É improvável.
O discurso de campanha de Alckmin será um desafio para o mais experiente dos marqueteiros. Ele poderá criticar Kassab? Não. Porque o PSDB é quem de fato governa a capital.
Por óbvio, não poderá fazer reparos ao governo Serra. Opor-se ao governo bem avaliado de Lula? Esqueça. A eleição é local. Restará então a Alckmin falar sobre o futuro.
De resto, como se comportarão os tradicionais financiadores de campanhas diante de um candidato rejeitado pelo governador e adversário do presidente da República?