Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 09, 2008

PRODUÇÃO EM SÉRIE DE ÍNDIOS E MÁRTIRES


por Adriana Vandoni
A ONG CIMI - Conselho Indigenista Missionário, vinculada à CNBB, adquiriu o monopólio dos índios do Brasil. Só ela tem direito a representar os interesses dos índios e interferir na formulação de políticas públicas, com endosso da Funai. Como o negócio deu certo, ela abriu franquias, uma delas é o CIR – Conselho Indígena de Roraima, para as questões da reserva Raposa do Sol. Segundo denúncias, nas quais acredito, são os missionários do CIR que insuflam os conflitos entre índios e brancos na região.

No dia 5 último, um grupo de cerca de 100 índios invadiu uma fazenda e estava construindo quatro malocas quando foi retirado da área à bala. A fazenda pertence a um dos rizicultores mais resistentes à forma de demarcação da reserva. Isto quer dizer que um confronto era esperado. Vou além, e digo que o confronto foi programado. Júlio Macuxi, coordenador do CIR, disse que a “ocupação” foi devido a "necessidade de ampliar a comunidade Renascer, que fica próxima da cerca da propriedade".

Vale ressaltar que os rizicultores ocupam 2% do total de 1,7 milhão de ha da Raposa do Sol, mas o coordenador do CIR, afirma que os índios estão “sufocados” nos 98% restantes.

É assim que agem essas ONG’s, fabricando índios e conflitos. Para ilustrar vou contar um caso ocorrido em MT. Na divisa do estado com a Bolívia, a Funai e o CIMI giraram transformar em índios um povo descendente de bolivianos, mas como estes não queriam, os ‘missionários’, inconformados, tentavam convencer a população. Veja agora o relato de uma conversa que me foi contado entre um ‘missionário’ e um morador que não queria ser índio:

- Seu Fulano, mas aquela casa da fazenda é bonita, né?

- Ô, muito bonita.

- O senhor queria uma casa daquela?

- Se não?!? Claro que queria.

- Então, seu Fulano, se o senhor assinar o documento dizendo que é índio, aquela casa vai ser sua.

No caso de Roraima, a coisa só está no começo. O coordenador do CIR foi bem claro: “[o confronto] só fortalece os indígenas da Raposa Serra do Sol e de todas as comunidades de Roraima". Ou seja, teremos pela frente mais enfrentamentos com o risco de mortes para a produção de mártires. Seguindo a estratégia do MST, o valor midiático da morte é diferenciado. Um índio vale X, uma índia XX. Agora se a índia for mãe seu valor dobra. Uma criança, que costumam colocar à frente quando há confronto, tem valor imensurável.

Esses fatos revelam que a questão não é apenas de definição de direitos, caso que caberia a Justiça e ponto final. Por trás dos conflitos existem interesses distintos à posse da terra ou ao bem estar deste ou daquele lado. Enquanto seres semi-santificados influenciarem em questões de Estado, nossa Justiça seguirá a reboque dos acontecimentos.

Se profetas e messias levassem o mundo a ser melhor, a palestina, terra dos profetas e dos messias, não seria o que é hoje.

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