A hora é de alegria com o grau de investimento para o país e tudo o que isso pode abrir de perspectivas: investidor sério vindo atrás de projetos de longo prazo; olhando o Brasil não pelas aflições imediatas, mas pelas potencialidades que o país sempre soube que tem. No balanço, é preciso lembrar as escolhas do passado, e as que inevitavelmente terão que ser feitas no futuro.
Esta hora tem também crises internacionais. A americana, que cria riscos para nós e o mundo inteiro.
A da alta dos preços dos alimentos, que abre óbvias oportunidades de ampliação da produção e exportação brasileiras. A das mudanças climáticas, que traz a chance de que o país entenda como é inteligente preservar suas preciosidades naturais para um futuro de água e terra escassas.
É uma hora pela qual se trabalhou muito e se debateu muito. Como disse Lisa Schineller, da Standard & Poor’s, tem a ver com fatos remotos que se ligam a fatos presentes. A manutenção do superávit primário por 11 anos, a escolha do câmbio flutuante, a manutenção da meta de inflação são tão importantes quanto a demonstração que acabou de ser dada de que o Banco Central é independente. A alta de 0,5 ponto percentual, acima do que o mercado achava, muito mais do que o ministro da Fazenda aceitaria se fosse dele a decisão, mostra que o Brasil tem um banco central que será deixado livre para combater a inflação e defender a moeda duramente conquistada.
A Argentina não tem a mesma sorte. Está se atrapalhando cada vez mais em erros velhos e correndo riscos que não deveria mais correr. A Venezuela, num momento de boom do petróleo, está mais longe ainda do ponto atingido agora pelo Brasil.
Não é a hora de esquecer as muitas inconsistências do momento: os gastos primários estão subindo, aumentos de salários que chegam a 100% estão sendo concedidos a funcionários públicos cada vez mais numerosos numa máquina já inchada. As reformas indispensáveis têm sido adiadas.
A decisão da gasolina passa vários sinais. Todos ruins. O governo decidiu subsidiar a gasolina num momento em que o preço da matéria-prima triplicou no mercado internacional.
O governo incentiva o consumo de um combustível fóssil, quando tem o melhor substituto da praça. O ministro da Fazenda anuncia o preço que deve ser cobrado por uma empresa de capital aberto com ações em várias bolsas do mundo. O Tesouro abre mão de recursos que iriam para melhorar as estradas, que estão em petição de miséria. Todas as escolhas econômicas embutidas na decisão são equivocadas.
Rebaixam a qualidade da política econômica.
O risco seria usar a hora para interromper o processo de avanços incrementais na política econômica e aprovar mais subsídios para empresários na chamada política industrial; incluir o BNDES no aparato de financiamento público do setor rural; aceitar retrocessos nas poucas mudanças já feitas na Previdência. Riscos imediatos.
A verdade de todas as horas é que o governo gasta demais e parece insaciável.
Há década e meia, está aumentando seus gastos além do crescimento do PIB. E tem coberto esses gastos com mais cobranças de impostos.
Descontando-se o que é eficiência de arrecadação, uma grande parte do aumento é de elevação de carga tributária, novas alíquotas, novas invenções infernais dessa verdadeira máquina de triturar o contribuinte brasileiro.
Passou da hora de o Brasil enfrentar o colapso logístico e aumentar a eficiência do transpor te, usando todas as formas e não apenas o modal rodoviário.
Mais atrasado ainda está nos avanços educacionais que vão preparar os brasileiros para as novas exigências do mercado de trabalho.
Grau de investimento é um novo patamar de uma escada que ainda tem muitos degraus. Portanto, os esforços de avanços devem continuar. Só na Standard & Poor’s há nove outras etapas até o nível máximo. Para ser aceito no US AGG, o Índice de Crédito dos Estados Unidos, é preciso ter a mesma classificação por outra agência. Como já sabemos a esta altura, essas classificações não são diplomas para se colocar na parede. Retornam em benefício para o país em termos de mais investidores aptos a vir para cá, mais e mais baratos financiamentos para a economia brasileira, mais chance de que o país tenha fôlego para manter o crescimento.
Há indicadores preocupantes, como o da dívida interna, que cresceu muito nos últimos anos. A S&P dá até uma classificação melhor para esta dívida porque diz que ela é quase integralmente financiada aqui mesmo no Brasil (a dívida em moeda local de curto e longo prazos tem BBB+), mas, mesmo assim, sabemos o quanto essa dívida consome das possibilidades de crescimento do país.
As agências de classificação de risco têm visão contábil. Cada uma tem seu grau de prioridades, mas elas olham números e proporções do PIB. Não entram na conta os eventos que os cidadãos normais pensam ser riscos: a violência, a desigualdade, a falta de respeito à lei, a desorganização, a burocracia, a corrupção. Porém tudo isso faz parte do que se chama um bom ambiente de negócios, que convencerá investidores a apostarem o seu capital no futuro do país. E o mais importante: são questões que tornam o Brasil melhor para todos nós.
O balanço da hora pode trazer a sensação de que já chegamos aonde queríamos.
E este é só o meio do caminho.
Entrevista:O Estado inteligente
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