03 de maio
Complementando as análises dos cenários possíveis para o futuro do país, abrangendo os próximos sete anos (2008-2014), a empresa de consultoria Macroplan, do economista Cláudio Porto, especializada em estudos prospectivos, fez um trabalho sobre a influência dos problemas do meio ambiente na economia mundial, e as repercussões no Brasil. Os cenários que a empresa montou para o futuro do país, comentados aqui nas colunas dos dias 12 e 13 de abril, seguem duas tendências principais: o mais provável de acontecer é um “Crescimento inercial”, sem avanços nas reformas estruturais.
O cenário mais pessimista, intitulado “Baleia encalhada”, prevê o surgimento de um projeto neopopulista no país em resposta às dificuldades econômicas produzidas pela crise financeira nos Estados Unidos.
O cenário mais otimista, “Salto para o Futuro”, aconteceria com a formação de uma coalizão majoritária reformista, nas eleições presidenciais de 2010 ou pelas pressões da crise. A Macroplan fez uma análise de como a questão ambiental vai afetar nos próximos anos esses cenários e o Brasil, Índia e China, três dos quatro países que formam o BRIC, que a consultoria Goldman Sachs aponta como futuros líderes da economia mundial dentro de 30 a 40 anos.
Para a Macroplan, “o aumento das pressões antrópicas e conseqüente degradação ambiental na China, Índia e no Brasil” são gargalos ao crescimento sustentável desses três países, embora se apresentem com distintos graus de intensidade e urgência.
Nos casos da China e da Índia,“ os problemas ambientais e as deseconomias geradas” estão se tornando cada vez mais agudos. A Macroplan considera como “certa ou quase certa” no horizonte de 2008-2014 a desaceleração do crescimento econômico desses dois países por conta de restrições ou limites ambientais, mesmo sem considerar os impactos das mudanças climáticas.
Usando projeções da Goldman Sachs, o estudo da Macroplan diz que é muito provável que esta desaceleração ocorra ao longo dos próximos anos, com a redução do crescimento em 3% anuais na China e em torno de 2% anuais na Índia, em decorrência “não apenas de pressões inflacionárias e turbulências sociais, mas também, e em maior prazo, por conta de restrições ambientais”.
Já o Brasil encara uma situação ambiental menos desfavorável do que China e Índia a médio prazo, “embora enfrente sérios problemas de desmatamento, especialmente na Amazônia (com repercussões negativas na imagem e em negócios do país) e de assoreamento de cursos d’água (53% dos municípios do país em 2002, segundo pesquisa do IBGE), poluição da água (38% dos municípios, segundo a mesma fonte), alteração da paisagem (35%), contaminação do solo (33%) e poluição do ar (22%)”.
Também a Goldman Sachs, num trabalho intitulado “Além dos BRICs”, ressalta a necessidade de a questão ambiental tornar-se prioridade para esses países, apesar das dificuldades de equilibrar o desenvolvimento com a proteção ambiental.
Segundo o estudo, urbanização, industrialização e agricultura intensiva significam que as pressões no meio ambiente continuarão atuando nas próximas décadas nesses países.
Com relação à urbanização, embora Brasil e Rússia já estejam tão urbanizados ou mais que os países do G-6, Índia e China vão enfrentar esse desafio nos próximos 25 anos. Por volta de 2030, a urbanização da China crescerá cerca de 50%, e cerca de 40% na Índia. A poluição do ar é uma conseqüência inevitável do crescimento desses países, diz o estudo, já que eles estão passando pela fase mais intensa de uso de energia.
A China deve superar os Estados Unidos como maior emissora de dióxido de carvão em menos de dez anos. Com as emissões de CO2 crescendo 4% ao ano, as emissões chinesas serão 1/3 maiores que as dos Estados Unidos em 2030, mesmo a economia chinesa não ultrapassando a americana.
As emissões de CO2 da Índia poderão ser quase o dobro das do Japão em 2030.
Uma maneira de satisfazer a crescente demanda por energia dos BRICs seria reduzir a dependência dos combustíveis tradicionais, melhorando a eficiência e mudando para combustíveis alternativos.
O consumo de eletricidade produzida por hidroelétricas e outras fontes renováveis de energia deve mais que dobrar nos BRICs por volta de 2030, chegando a 1/3 do consumo total mundial.
O problema é que projetos de hidroelétricas trazem inúmeros impactos ambientais. O Brasil, segundo o estudo da Goldman Sachs, aumentará seu consumo de energias alternativas como o etanol, hidroelétrica e mesmo solar, mas tem limitações de investimentos. A agricultura também terá parte importante na degradação do meio ambiente nesses países, com o uso intensivo de água.
O estudo ressalta que os países do BRIC terão papel fundamental nos esforços para enfrentar as mudanças climáticas, já que nos próximos 25 anos os países em desenvolvimento serão responsáveis por nada menos que 75% das emissões de gases de efeito estufa, com a China sendo responsável por 1/3.
Os BRICs são particularmente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, lembra o estudo da Goldman Sachs, destacando que grandes cidades como Shangai, Mumbai, São Petersburgo e Rio de Janeiro são à beira-mar.
O aumento do nível do mar pode afetar significativamente as atividades econômicas nas cidades costeiras, onde vive perto de 25% da população dos BRICs, ou 600 milhões de pessoas.
Apesar das dificuldades, há sinais positivos, destaca o estudo: a cobertura florestal tem crescido na China e Índia desde o início dos anos 1990, e o Brasil é o líder destacado do uso de combustíveis renováveis.(Continua amanhã)
Entrevista:O Estado inteligente
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