Artigo |
O Globo |
7/1/2008 |
Prosseguem os episódios de quedas sincronizadas das bolsas de valores. O tema do desaquecimento econômico global capturou a psicologia dos investidores, com tremores cada vez mais intensos. O epicentro da crise é a economia dos Estados Unidos. Confirmaram-se meus receios quanto à gravidade e à duração da crise. Aprofundou-se sua dimensão financeira. Não há mais compartimentos estanques. O primeiro episódio da série manifestou-se em maio-junho de 2006, na forma de uma crise setorial causada pelo impacto da alta dos juros sobre as empresas de construções residenciais. Em janeiro-fevereiro do ano passado, foram atingidas as empresas de financiamento de alto risco, ainda circunscritas ao setor imobiliário. Em julho-agosto, a crise tornou-se bem mais complexa. Transmitiu-se aos títulos lastreados em empréstimos imobiliários de alto risco, ampliando-se com a crescente inadimplência nas hipotecas, fulminando o setor financeiro com o colapso do crédito e dos preços das ações. Uma evidência das proporções do fenômeno foi a reação instantânea dos bancos centrais, que abriram a torneira de liquidez para interromper a dinâmica e a psicologia dos pânicos financeiros. Sem a injeção de centenas de bilhões de dólares, a interrupção do crédito derrubaria simultaneamente os níveis de produção e emprego, disparando a temível recessão. Até o momento, a batalha dos bancos centrais travada nos mercados de crédito tem atenuado as dimensões do contágio. Mas há sinais de abalo na coluna central do templo, a massa de consumidores responsável por dois terços da demanda nos EUA. Houve uma forte elevação da taxa de inadimplência no crédito ao consumidor. Há também indícios de que o mercado de trabalho foi atingido: a taxa de desemprego saltou para 5%. E agora o mais preocupante: a queda do preço das ações e dos imóveis derruba a riqueza financeira e as expectativas de fluxo de renda futura dos consumidores. As expectativas (queda dos preços dos ativos) afetam os fundamentos (derrubam o consumo), que realimentam as expectativas adversas, abalando a produção e o emprego. Apesar dos importantes efeitos da política de reflação nos mercados financeiros, as "pombas" do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, não conseguiram evitar essa perversa dinâmica de realimentação. Sem a estabilização das bolsas e dos preços dos imóveis, o efeito-riqueza pode derrubar irreparavelmente o consumo. E o Fed enfrenta agora o dilema de curto prazo colocado pelo princípio de Tinbergen: perseguir dois objetivos (o nível de atividade econômica e a taxa de inflação) com apenas um instrumento (a taxa de juros). De olho no preço dos ativos, na inadimplência do consumidor e na taxa de desemprego, gostaria de baixar mais rapidamente os juros. Mas recorre a doses moderadas de olho no preço do petróleo e do ouro, na queda do dólar e nas pressões inflacionárias que pipocam em escala planetária. Estréia em 2008 o mais longo episódio desta série: "O desaquecimento global IV - A ameaça de estagflação." |
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, janeiro 07, 2008
O quarto episódio - Paulo Guedes
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