Míriam Leitão - Raios e trovoadas |
PANORAMA ECONÔMICO |
O Globo |
11/1/2008 |
O governo mobilizou sua tropa energética ontem para tentar negar o risco que de fato existe, de falta de energia. Na reunião da quarta-feira à noite no Planalto, o presidente Lula ouviu do ministro da Energia que há um plano de contingência: tirar gás de outros fins, como da Petrobras, para gerar energia. Tomara que chova, mas é melhor que o governo governe; ou seja, saiba o que fazer na emergência. Algumas imagens valem mais que palavras. Por isso, aqui vão vários gráficos, ocupando espaço da coluna, que mostram o retrato atual da oferta de energia no país. Olhando para eles, fica difícil negar que há um risco iminente na energia. Nos últimos anos, o abastecimento energético no Brasil vinha sendo garantido pelo baixo crescimento da economia e pela grande quantidade de chuvas. Esse mix encobria as fragilidades do sistema. Alguns problemas estavam mascarados. Por exemplo, desde 2005 que já se sabe que o gás não é suficiente para todas as térmicas; desde 2004 que os investimentos no setor ficaram escassos. Agora, que o país voltou a crescer com força - o que é uma boa notícia -, vê-se que o cobertor da energia era curto. Ontem, Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE, na coletiva, já assumiu que se está numa "situação hidrológica complicada". Mas ele afirma que o cenário hoje é completamente diferente de antes do apagão, quando havia menos linhas de transmissão e termelétricas. Diz que "botar térmica para funcionar é sinal de saúde do sistema". O que esqueceu de dizer é que não há gás extra para botar mais saudáveis térmicas para funcionar. Estes gráficos contam vários lados da mesma história. O primeiro mostra que a indústria consome quase metade de toda a energia no país. Ou seja, crescimento empurra mesmo o consumo. Nos últimos anos, ele vem crescendo bastante. O gráfico que separa por setores mostra também isso. Em 2007, até novembro, segundo a EPE, o consumo aumentou 5,4%. Quando houve o racionamento, em 2001, os brasileiros conseguiram diminuir em 7% o consumo de energia, mas, já em 2003, a demanda voltou ao ponto inicial. O terceiro gráfico mostra os percentuais de energia armazenada. O ano de 2007 acabou com mais energia que 2000 e 2003. No entanto, em 2003, o país crescia pouco; a demanda estava pressionando menos. E 2000 foi o ano pré-apagão. Não é consolo. O sistema brasileiro está concentrado na geração por hidrelétricas. O que sempre foi considerado um ponto positivo carrega consigo um problema: a dependência do imponderável; as chuvas. O quarto gráfico serve como um exemplo; mostra o quanto caiu o volume útil de Sobradinho, o mais importante reservatório do Nordeste. Não está ainda como em 2002, mas é bem menor que no início de 2005, 2006 e 2007. Como negar que é preocupante? Por fim, o último gráfico mostra o quanto tem crescido a participação do consumidor livre na demanda. Se começar a chover mais, os riscos diminuem. Mas um país que quer crescer precisa estar alerta para que a escassez de energia não impeça seus planos; um governo sensato não nega riscos, se prepara para enfrentá-los. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, janeiro 11, 2008
Míriam Leitão - Raios e trovoadas
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