Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, novembro 21, 2007

Um novo padrão monetário mundial?

A moeda norte-americana está no banco dos réus. Ontem a moeda européia atingiu um recorde de US$ 1,4815, enquanto a onça troy de ouro foi cotada em US$ 793,41. Diante desse quadro, crescem as sugestões para que a moeda norte-americana deixe de ser o padrão monetário internacional.

É evidente que o enfraquecimento do dólar tem certa influência na alta do preço do petróleo e das commodities. Vendo que nos últimos cinco anos o dólar perdeu 22,5% do seu valor, os produtores de petróleo e de commodities, cujas demandas estão crescendo, sem que se tenha a certeza de que poderão ser atendidas, forçam o aumento dos preços desses bens, o que pressiona a inflação no plano mundial.

Esse movimento dos preços tem influência direta sobre as receitas de exportação de alguns países - a grande maioria países emergentes - cujas reservas internacionais estão crescendo, mas ao mesmo tempo representam um ativo que perde parte do seu valor. Até agora, os países detentores de grandes reservas estavam, na maioria dos casos, aplicando esses recursos em títulos do Tesouro norte-americano. Diante do duplo déficit fiscal e comercial dos EUA, ao qual se somam as dificuldades criadas pela crise dos empréstimos hipotecários, esses papéis estão oferecendo uma remuneração cada vez menor para uma moeda que perde substância.

O caso mais dramático é, certamente, o da China, com reservas internacionais de US$ 1,43 trilhão. No caso do Brasil, com reservas mais modestas, de US$ 174 bilhões, o problema também existe, pois essas reservas estão perdendo cada vez mais seu caráter de seguro.

A situação está chegando a tal ponto que é cada vez maior a tendência de abandonar o dólar como moeda-padrão internacional, lembrando-se, aliás, que no passado essa função era exercida pela libra inglesa e pelo franco francês.

Os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) estão iniciando conversação sobre o interesse que teriam em mudar a moeda de cotação do petróleo, embora a Arábia Saudita seja muito vinculada aos EUA. A China também não esconde seu desejo de procurar uma moeda mais estável para suas reservas, o que mereceria toda atenção do nosso Banco Central.

Essa mudança teria efeitos importantes sobre a economia norte-americana, que até agora consegue financiar, sem sacrifícios, seu duplo déficit. O mundo precisa analisar em profundidade essa possível evolução.

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