Entrevista:O Estado inteligente

domingo, outubro 21, 2007

Celso Ming Estes fundos metem medo (2)

Na edição de ontem, esta coluna mostrou que os fundos soberanos de riqueza (SWF, na sigla em inglês), a maioria deles de propriedade de países emergentes ou de exportadores de petróleo, já são gigantes, estão crescendo fortemente e vêm despejando dinheiro em setores estratégicos, o que tem preocupado os países ricos.

A proliferação desses fundos demonstra como os megadesequilíbrios globais, que geram enormes saldos comerciais em alguns países, estão mudando o eixo do poder econômico mundial. Hoje, este espaço examina as implicações geopolíticas da atuação dos fundos e seu impacto sobre o mercado financeiro global.

Como foi dito ontem, os investimentos desses fundos bilionários já não se limitam a participações comerciais. Avançam para posições estratégicas em pesquisa e desenvolvimento em empresas de armamentos, produtos químicos, eletrônica e, assim, podem facilitar o acesso a informações de alta sensibilidade.

Os dirigentes dos países ricos não estão preocupados só com vazamento de segredos militares ou tecnológicos. Temem que governos hostis controlem grandes bancos ou empresas de TV e mídia impressa. Imaginam um testa-de-ferro de Bin Laden à frente do New York Times ou da CNN.

Por aí se vê que um dos movimentos dos dirigentes do clube dos ricos é impor controles ou impedir atitudes desse tipo que possam ser tomadas por países emergentes. Já dá para perceber como pode ser armada uma contra-ofensiva protecionista.

Em 2002, aponta a Merrill Lynch, as reservas dos países emergentes estavam quase todas aplicadas em títulos do Tesouro dos Estados Unidos (70%) ou de países do euro (20%), o que ajuda a explicar o vigor do dólar no início da década. No ano passado, o dólar já aparecia como responsável por apenas 60% dos ativos e o euro, com 30%.

O forte crescimento do patrimônio dos fundos soberanos e a diversificação de suas aplicações em opções mais rentáveis estão aumentando a importância das opções de risco nos mercados globais.

Isso sugere que as cotações das ações, das commodities e dos imóveis no mercado global tendem a subir como efeito da maior procura exercida por esses fundos. Os gráficos mostram, em dois cenários, como a Merrill Lynch projeta até 2011 a composição do patrimônio das instituições administradas por governos.

Mas, se os governos e os congressos dos países ricos impedirem o acesso dos fundos à estrutura acionária de número importante de empresas, os fundos serão empurrados para outras paragens. E isso pode beneficiar o Brasil.

Celso Ming Estes fundos metem medo (1)

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