Jornal do Brasil |
31/10/2007 |
Então um noviço no coração do poder, ainda no começo do curso intensivo de arrogância que o levaria a protagonizar o mais obsceno top-top-top da história do Brasil, Marco Aurélio Garcia, consultor de Lula para assuntos internacionais, reuniu-se em meados de 2003 com um grupo de militares que haviam tido algum tipo de convívio com Hugo Chávez. Uns o conheceram nos tempos de oficial de Exército. Outros foram apresentados à figura quando Chávez já assumira a chefia do governo da Venezuela. Garcia queria saber o que pensavam do homem que, naquela época, ensaiava os trabalhos de parto da "revolução bolivariana", uma confusa mistura de conceitos com dois séculos de idade e idéias jamais testadas em quaisquer paragens. "O governo brasileiro considera o presidente Chávez um amigo", ressalvou o anfitrião aos poucos convidados. "Acho que ele é mais um bufão candidato a ditador, e pode tornar-se uma figura perigosa para o país", replicou um general-de-brigada que servira, como adido militar, na embaixada em Caracas. Com ligeiras variações no tom, todos os presentes endossaram a avaliação. Garcia ouviu em silêncio a ratificação do que fora, sabe-se agora, mais que um ponto-de-vista. Fora uma perturbadora profecia: o bufão de 2003 é hoje um vizinho cada vez mais indócil e muito perigoso. Com inquietante insistência, Chávez vem reivindicando a posse de Essequibo, província que representa dois terços da Guiana e roça a fronteira do Brasil. No mapa oficial da Venezuela, essa vastidão territorial é tracejada em diagonal, marca que identifica regiões contestadas. Chávez promete remover os traços a bala. E poder de fogo é o que não lhe falta. Já provido de numerosos mísseis e navios de combate, Chávez acaba de comprar da Rússia, por US$ 5 bilhões, duas esquadrilhas de moderníssimos caças Sukhoi-30. Se resolver atacar a Guiana, o Brasil será diretamente afetado pelos barulhos na fronteira. E então? Pior ainda é o cenário forjado pela ameaça, formulada recentemente por Chávez, de intervir militarmente na Bolívia caso o parceiro Evo Morales precise de socorro. Lula só soube há poucos meses que a Bolívia faz fronteira com o país que governa. Talvez ainda não saiba que, para meter-se em confusões bolivianas, a Venezuela terá de cruzar, por terra ou pelos ares, a Amazônia brasileira. E então? Como reagirá o Planalto se consumado o estupro intolerável? O que fará para enquadrar o estuprador? Militarmente, não haverá muito a fazer. Para defender a região ameaçada, o Brasil dispõe de alguns Mirage 2000, comprados na França quando a moeda nacional era o cruzeiro, e um punhado de jurássicos Tiger F5, americanos. Das 719 unidades da FAB, só 267 podem voar. Outras 220 permanecem estacionadas em parques de manutenção e 232 aguardam no solo dinheiro para a compra de peças essenciais. Enquanto a Aeronáutica sonha com mísseis que há tempos equipam as Forças Armadas da Venezuela, do Chile e do Peru, a Marinha e o Exército lidam com velhos pesadelos. Da frota de navios de combate, metade virou sucata. E a artilharia antiaérea disponível nos quartéis, por falta de computadores ou equipamentos eletrônicos, é operada manualmente. O jeito é torcer para que Chávez seja mesmo um bom amigo. E espere o governo redescobrir as Forças Armadas. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, outubro 31, 2007
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