O Estado de S. Paulo |
30/10/2007 |
A onda da hora são os emergentes e, entre eles, o Brasil. É preciso entender melhor o que está em jogo. Esta coluna já vem alertando para o súbito interesse dos investidores globais pelo Brasil e para o impacto disso sobre o câmbio e sobre o resto da economia. Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou cálculos que apontam para a valorização conjunta em US$ 151,3 bilhões para os investimentos estrangeiros em títulos, ações e demais ativos brasileiros, só nos nove primeiros meses deste ano. É uma tacada que tende a funcionar como chamariz para novas inversões em ativos nacionais. A abundância de capitais à procura de retorno seguro e rentável tende a crescer. Os bancos centrais dos países ricos estão derrubando os juros e, ao mesmo tempo, reforçando a distribuição de créditos baratos para os bancos. É sinal de que, por mais um bom tempo, vai sobrar dinheiro nos mercados. A primeira atitude dos administradores globais de capitais depois que estourou a bolha das hipotecas de alto risco (subprime) foi buscar os esconderijos de sempre: aplicações de renda fixa, especialmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Mas saltaram de lá muito depressa. Antes de mais nada, os bancos centrais agiram prontamente. Distribuíram farta liquidez, como ficou dito, e essa atitude foi percebida como garantia de que tem bombeiro competente a postos. O mercado entendeu que brincar com fogo pode não ter conseqüências graves. Além disso o retorno das aplicações de segurança ficou insatisfatório e, surpreendentemente, incerto. A remuneração (yield) proporcionada pelas aplicações de longo prazo em títulos do Tesouro dos Estados Unidos (veja gráfico) está apenas algo acima da inflação americana, que deve atingir 2,8% em 2007 (projeção da revista The Economist). Pior do que isso, o dólar sofre de anemia. Neste ano, já perdeu 9% em relação ao euro, 21% em relação ao dólar canadense e 24% em relação ao ouro. Amarrar a canoa a esse deque em imersão é apostar contra o próprio patrimônio. Assim, fica ridículo afirmar que as aplicações tradicionalmente seguras não oferecem risco. A sensação é de que ocorre o contrário. As autoridades dos países ricos não sabem o que fazer para defender o dólar. As propostas para correção de rumo são confusas e suspeitas, como a agasalhada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, que defendeu a criação de um superfundo de US$ 75 bilhões para livrar a cara de três bancões americanos. Em outras palavras, o prestígio de tradicionais portos seguros está sendo questionado. Se os sinais emitidos pelos bancos centrais são de que não há grande perigo nas aplicações de maior risco (desde que não sejam os subprimes) e se o retorno nas aplicações de emergentes são tão bons, por que não provar dessa fruta? E isso significa que pode vir aí mais uma alentada dinheirama em busca de retorno, especialmente quando estamos às vésperas da promoção dos títulos de dívida do Brasil ao grau de investimento. Mas ninguém se iluda. Esses movimentos são sempre acompanhados de sensações contraditórias (mixing feelings). Estão sempre sujeitos a bruscas reviravoltas. Confira Mercado quente - O presidente Lula já admitiu que teve dois cabos eleitorais em 2006, quando voltou à presidência: o arroz Tio João, vendido a R$ 6 por saco de 5 kg, e o cimento, vendido a R$ 11 por saco de 60 kg. Apesar do aumento do consumo, de 8,7% neste ano, os preços do cimento em São Paulo continuam relativamente estáveis, entre R$ 11,80 e R$ 15. Mas o arroz Tio João está a R$ 8, alta de 33%. Nada menos que 20% das entregas de cimento vão para obras públicas. A indústria e o comércio levam 7%; o consumo-formiga (pequenas obras), 23%. E a construção de casas e edifícios, os outros 50%. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, outubro 30, 2007
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