Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 20, 2007

PLÍNIO FRAGA v

RIO DE JANEIRO - Nas ruas do Rio, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi mais acessível, mais cortejado e mais aplaudido do que o presidente Lula. Dos participantes da cúpula do Mercosul, Chávez foi o que mais falou, o que mais participou de compromissos externos, o que mais provocou.
Evo Morales definiu Chávez como o substituto de Fidel. O próprio venezuelano gosta de acreditar nesse seu "papel histórico". Os latino-americanos têm maior propensão a aceitar ditadores?
Os detalhes mostram muito sobre uma personalidade. Chávez atrasou-se, não cumpriu ou modificou de última hora grande parte de seus compromissos no Rio. Adiou de quinta para ontem o recebimento da medalha que lhe concedeu a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Deixou a escola de samba Unidos de Vila Isabel esperando por sete horas num oba oba programado para que a campeã do Carnaval carioca agradecesse os R$ 3 milhões que a PDVSA investiu em seu desfile.
Associar Chávez à loucura é piada corrente, mas o venezuelano tem pouco de louco e de bobo. É fanfarrão, histriônico, malpreparado. Ou seja, reúne todas as condições necessárias para brilhar no subdesenvolvimentismo.
Novidade é que Chávez não é. Seu desapreço pela liberdade e pelo dissenso está inteiro na caricatura de ditador latino expressa em "Bananas", de Woody Allen. No filme de 71, o líder da republiqueta acusa a oposição de traição e justifica: "Diferenças de opinião devem ser toleradas, mas não quando elas são tão diferentes. Porque aí elas se tornam a mãe da subversão". Não deve ser à toa que os produtos de exportação de maior sucesso da América Latina recentemente sejam Chávez e "Chaves", este o seriado mexicano em que um ser limítrofe se vangloria da própria astúcia.

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