Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Início em anticlímax


EDITORIAL
Folha de S. Paulo
3/1/2007

O NOVO mandato de Luiz Inácio Lula da Silva começou sem público, sem planos e sem equipe. Na segunda-feira chuvosa de Brasília, a posse de um presidente reeleito com mais de 58 milhões de votos se reduziu a mera formalidade.
Indolência, inoperância e mesmice se podem esperar de um governo que inicia um período de quatro anos de gestão sem definir quem ocupará os ministérios. Não se sabe a cargo de quem estará a execução do assim chamado Plano de Aceleração do Crescimento. Pudera, apenas um conjunto indefinido de assessores poderia estar à frente de um acervo inexistente de propostas.
Vêm de longe as demonstrações presidenciais de inapetência para com as tarefas administrativas. A queda dos principais assessores de Lula ao longo do primeiro mandato lhe deu diversas oportunidades para tomar as rédeas do seu governo. Não soube ou não quis agarrá-las; preferiu investir todas as suas energias na edificação de seu próprio mito, um eco de Getúlio.
Ocorre que a opção pela ligação direta com as massas perde eficácia quando desaparece do horizonte a perspectiva da reeleição. A melancólica cerimônia de posse é apenas um prenúncio da modorra que prevalecerá no segundo mandato caso Lula não substitua a política do aplauso fácil por planos, metas, quadros e trabalho obstinado.
O tal PAC, por exemplo, deveria ter começado com um sinal firme de que as despesas de manutenção da máquina federal iriam cair. As medidas anunciadas em dezembro para o reajuste do salário mínimo, porém, vieram no sentido contrário. De que caixa mágica Lula pretende tirar dinheiro para ampliar os investimentos em infra-estrutura, como prometeu anteontem?
O fato, lamentável, é que Lula não tem a mínima idéia sobre o que fará à frente do Executivo federal até 31 de dezembro de 2010. Trata-se de receita certa para a aceleração do desgaste político num segundo mandato.

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