Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Clóvis Rossi - A pressa é amiga da perfeição



Folha de S. Paulo
5/1/2007

Como trouxe editorial de ontem desta Folha, "são promissores os primeiros movimentos de alguns governantes em início de mandato em torno da questão da segurança pública". Em especial, acrescento, os do governador do Rio, Sérgio Cabral, que não perdeu tempo em solicitar a Força Nacional de Segurança e em pedir auxílio até às Forças Armadas.
Pena que o governo federal tenha reagido com a letargia de praxe.
Não fixou data para o envio da FNS e, pior ainda, limitou as suas ações às divisas do Rio.
Recapitulemos um pouco o óbvio, porque no Brasil o óbvio é que costuma ser insólito. Segurança pública é um assunto da esfera dos Estados. Forças federais, quaisquer que sejam, só são chamadas em caso de emergência.
Creio que ninguém duvide de que o Rio vive uma situação de emergência (embora tanto no Rio como em São Paulo a emergência seja permanente, o que é uma contradição em termos. Mas estamos no Brasil). Emergência demanda urgência, pressa, muita pressa.
Retardar portanto o envio da FNS é o mesmo que enviar os bombeiros para o local do incêndio uma semana depois de o fogo começar.
A urgência da operação ficou demonstrada, se ainda fosse necessário, pelo assalto ao ônibus que levava turistas alemães e croatas, na madrugada de ontem, na Linha Vermelha. Perdoe o leitor mais uma obviedade: o turismo é fonte importante de receitas para o Rio, e, portanto, tudo o que o afeta cria uma emergência para o setor.
É óbvio que o envio de forças federais (na verdade, são em grande parte estaduais, mas requisitadas pela União) não vai resolver o problema do Rio, como não resolverá o de São Paulo, se e quando for solicitada. Mas é vital manter o ímpeto inicial e de fato adotar ações menos convencionais ante um problema que já é crônico, com picos emergenciais constantes.

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