Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Clóvis Rossi - O espetáculo Chávez



Folha de S. Paulo
11/1/2007

Transcrevo boa parte do juramento prestado ontem pelo presidente venezuelano Hugo Chávez:
"Juro ante esta maravilhosa Constituição, juro ante os senhores, juro por Deus, juro pelo Deus de meus país, juro pelos meus filhos, juro por minha honra, juro por minha vida, juro pelos mártires, juro pelos libertadores, juro por meu povo e juro por minha pátria que não darei descanso a meu braço nem repouso à minha alma ao entregar meus dias, minhas noites e minha vida inteira na construção do socialismo venezuelano".
Não pense que acabou não. Tem mais o seguinte:
"Juro por Cristo, o maior socialista da história, juro pelas dores, amores e esperanças, que farei cumprir e que cumprirei com os mandatos supremos desta maravilhosa Constituição, com os mandatos supremos do povo venezuelano, ainda que à custa de minha própria vida e de minha própria tranqüilidade".
Final, obviamente apoteótico: "Pátria, socialismo o muerte".
Primeira observação, puramente factual: se a Constituição é tão maravilhosa assim, para ser por duas vezes tratada como tal, para que modificá-la, de forma a introduzir a reeleição permanente, entre outras novidades já anunciadas pelo presidente?
Segunda observação, puramente pessoal: nada contra ou a favor do socialismo, de Deus, da pátria, dos libertadores, de um Cristo socialista, mas não é um imenso excesso de histrionismo, de retórica típica dos caudilhos latino-americanos?
Quem está convencido do que diz e do que faz ou pretende fazer não precisa adotar profissão de fé em um martírio que nem remotamente está à vista.
De duas, uma: ou estou ficando velho e cínico demais ou a América Latina merece mais ousadia, sim, mas também mais seriedade e menos espetáculo.

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