Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 20, 2007

CLÓVIS ROSSI Cadê a neve que estava aqui?

GENEBRA - Faz 18 anos consecutivos que venho, sempre em janeiro, à Suíça. Sempre peguei um frio de congelar pingüim. Na primeira vez, voltava da cobertura da Guerra do Golfo (a primeira), com roupa insuficiente e com o corpo ainda geneticamente tropical.
Saí para mudar minha passagem de volta ao Brasil, entrei na loja da Iberia no centro de Zurique e quase beijei os pés da moça que me atendeu quando ela disse que a mudança seria demorada.
Poderia ficar um tempão no quentinho proporcionado pela calefação, sem precisar encarar de volta o frio da rua.
Depois fui comprando o que chamo "enxoval de Davos" (a cidadezinha onde se reúne o Fórum Econômico Mundial, nos Alpes): camisetas térmicas, sapato reforçado (que até fica mofado, porque é usado uma vez ao ano), paletó de lã.
Neste ano, poderia ter deixado parte do enxoval em casa. Faz frio, sim, mas ontem pelo menos ficou sempre perto dos dez graus (positivos), o que, de resto, está acontecendo desde que começou o inverno, em dezembro, faz um mês.
A calefação, por isso, em vez de ser um bálsamo, é um incômodo, até porque o pessoal da terra parece que a deixa no piloto automático, como se lá fora fizesse o frio que deveria fazer.
O paletó de lã pesa em vez de abrigar e aconchegar.
O Mont Blanc, cartão postal indefectível de Genebra, de branco neste ano não tem nada. Nem ele nem os demais picos que cercam a cidade. Estão todos marrons, isto sim, porque a neve é tão escassa que só está caindo, assim mesmo pouca, nos pontos acima de 2.000 metros.
Amigos que vivem em Genebra há anos também estranham o clima. Na rua, você vê o pessoal afrouxando o cachecol e desabotoando o casaco -que dez graus é refresco.
Não é preciso estudo científico para sentir-se enviado especial ao efeito estufa.

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