Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 20, 2006

A versão foragida do presidente

EDITORIAL JB

A versão foragida do presidente

General da banda eleitoreira do Planalto, o gaúcho Tarso Genro tem procurado edulcorar a versão foragida de Lula com um mantra sem pé nem cabeça: "O candidato não participa de debates para preservar a instituição da Presidência", repete o ministro.

A fantasia é recitada com o apoio vocal do Coral dos Companheiros e, claro, sob o sorriso beatífico do improvisador que desaprendeu a improvisar em estúdios de TV. E passou a ver o mundo pelo avesso, avisam declarações de 1998.

Era outro o Lula dos palanques de oito anos atrás. Ao saber que Fernando Henrique Cardoso não participaria dos torneios retóricos, por exemplo, o Grande Pastor do PT pendurou-se na lamentação tediosa como uma incelença.

"Presidente que foge de debate mostra que prefere ficar escondido atrás de publicidade paga com o dinheiro do povo, em vez de ir para o ringue lutar em igualdade de condições", lamuriava. Oito anos depois, o Lula reciclado esqueceu o que disse. Faz sentido.

Entrevistado pelo Jornal Nacional, o candidato à reeleição parecia um meliante aprendiz submetido ao detector de mentiras na polícia de Los Angeles. Sudorese, tremor nas mãos, pés agitados de baterista, palavras trocadas, pele pálida - foi feia a coisa.

Seria arriscado reprisar tal performance durante um debate. Porque o Lula modelo 2006 mente como quem respira, mas raramente desanda se cercado apenas de companheiros. É compreensível que prefira o horário eleitoral.

Na apresentação de estréia, o candidato subiu à estratosfera com a placidez de quem pilota uma charrete. Construiu 19 aeroportos, uma plataforma petrolífera (gigante), 108 embarcações, quatro presídios de segurança máxima. Onde, ninguém sabe.

Tamnbém pavimentou milhares de quilômetros de estradas que ninguém viu. Instalou meia dúzia de hidrelétricas cujo endereço é ignorado. E semeou incontáveis trilhos de metrô no subsolo de Salvador, Fortaleza e Recife.

Incansável, Lula fotografou até o inexistente: enquanto se gabava da paternidade da refinaria de Pernambuco, exibia imagens de uma obra similar não identificada. O acreano Sibá Machado, líder do governo no Senado, gostou da mágica.

"Foi como se tivesse visto uma maquete", alegrou-se o companheiro. "Fiquei sabendo como vai ser". O presidente americano Richard Nixon perdeu o cargo por ter mentido, pecado que quase custou a destituição de Bill Clinton. Um dia a gente aprende.

O Yolhesman da semana vai...

...para o cineasta Fernando Meireles, luminar da estética do atraso, pela frase sobre o recente esforço propagandístico do Primeiro Comando da Capital. Não vi o video do PCC, mas gostaria muito de ter visto. Trata-se da democratização da produção audiuovisual. Vá fazer filmes, Fernando Meireles.

Máfia manobra entre nuvens

A derrocada da Varig induziu empresas concorrentes à revogação dos derradeiros vestígios de vergonha. A passagem de ida no trecho Rio-Curitiba, por exemplo, pode custar R$ 900 reais. Depende do horário, da taxa de ocupação dos aviões e dos humores da TAM ou da Gol, que repartem os despojos da Varig. O governo, claro, nada sabe, nada ouve e nada vê.

Bate o medono Judiciário

Há dias, a polícia descobriu que os bandidos do PCC haviam ordenado a execução de dois juízes de Direito de Osasco. No meio da semana, três desembargadores do Tribunal de Justiça paulista declararam “inconstitucional” o regime carcerário imposto ao chefão Marcola. Quando bate o medo, os doutores viram rábulas de porta de cadeia.

Essa foi boa, secretário

Gilberto Carvalho, secretário- particular de Lula, não resiste à chance de protagonizar espetáculos de servidão explícita. “Foi difícil convencer o presidente a fazer campanha”, inventou há dias. “Ele está adorando administrar o país”. Foi certamente por isso que Lula deixou uma cadeira vazia no debate da Band. Naquele momento, estava presidindo altas decisões do ministério.

Um Cabôco cismarento

Atento ao noticiário sobre o passado, o presente e o futuro de Cuba, amplificado pela cirurgia sofrida por Fidel Castro, o Cabôco Perguntadô anda embatucado com a mesma dúvida que o assaltava no tempo das duas Alemanhas. Quer saber por que tanta gente foge da ilha caribenha para Miami e rigorosamente ninguém faz o contrário.


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