Carlos Marchi
O Estado de S. Paulo
23/6/2006
Propaganda destaca origens de Alckmin, diz que Lula não cumpriu
promessas e tucano tem o que mostrar
Um líder novo, honesto, que vem de família modesta, perdeu a mãe aos
10 anos, dava aulas para pagar a faculdade e diz saber aonde quer
chegar - assim Geraldo Alckmin foi apresentado no programa gratuito
do PSDB exibido ontem à noite em cadeia nacional de televisão. O
programa não teve nenhuma crítica a Lula, mas foi pontuado por
estocadas sutis no petista. Deu grande destaque à profissão de
Alckmin e disse que sua trajetória política foi influenciada pela
morte de Juscelino Kubitschek, médico e político, como ele.
O nome do presidente Lula foi citado duas vezes. Uma quando o
programa informou que, no governo paulista, Alckmin construiu 107
novos presídios, com 41 mil novas vagas; ao mostrar o presídio de
segurança máxima de Presidente Bernardes, o locutor arrematou: "Foi
aqui que ficou preso, a pedido do governo Lula, Fernandinho Beira-
Mar." Subliminarmente, o roteiro registra que, numa área sensível
para a população, Alckmin tem realizações a mostrar e Lula não
cumpriu as promessas que fez em 2002. A segunda citação de Lula foi
para dizer que "o Brasil de Lula ficou para trás, apequenou-se".
"NACIONALIZAÇÃO"
Para "nacionalizar" a figura de Alckmin, o programa recorreu a
depoimentos de pessoas que nasceram em outros Estados, mas moram em
São Paulo. Falando para seus conterrâneos, elas exaltaram as
realizações de Alckmin. Tratado apenas por "Geraldo", o tucano foi
festejado como um político que construiu uma biografia degrau a
degrau, ganhando experiência: vereador aos 19 anos, prefeito aos 23,
deputado estadual, deputado federal duas vezes, vice-governador e
governador de São Paulo, após a morte de Mário Covas.
O programa desfiou realizações de Alckmin em São Paulo, listando a
construção de 19 hospitais, novos trechos do metrô, a recuperação do
Rio Tietê - sua obra de maior visibilidade - e um programa
habitacional apresentado como o maior da história do Brasil. Destacou
o programa Renda Cidadã e a criação de frentes de trabalho,
vinculando a concessão de renda básica à criação de empregos para
pessoas de baixa renda, como se fosse o antídoto tucano para o Bolsa-
Família federal.
A maior parte do programa foi gravada em Pindamonhangaba, terra natal
de Alckmin, mostrando seus amigos de infância, professores e
parentes, que prestaram depoimentos sempre emocionados, como o de
Noêmia. Ao lado da filha, hoje adulta, ela contou que teve o parto
difícil pago e assistido pelo médico que estava de plantão - o dr.
Geraldo Alckmin. Noêmia relatou o episódio e finalizou, emocionada:
"Como é que a gente não vai amar uma pessoa dessas?"
O programa apresentou um slogan - "igualdade, justiça e crescimento"
- que ainda é provisório; e resgatou um jingle que acompanhou Alckmin
nas campanhas de 2000, para a Prefeitura de São Paulo, e 2002, para o
governo estadual. O refrão é: "Muito bom, esse Geraldo." Em sua fala
final, Alckmin propôs "um País mais honesto" e "menos discurso e mais
ação". Garantiu: "Dá para fazer, mas se o governante não der o
exemplo, daqui a quatro anos o povo estará decepcionado mais uma vez."